Diversos fatores podem favorecer a queda dos pelos. “Alteração genética, fisiopatias, doenças parasitórias, fungos e quedas hormonais”, explica Fernanda Ramos, dermatologista veterinária. Apesar de rara, a calvície genética não é um problema muito grave. “O mais complicado é quando essa perda é gerada por uma doença específica, como hipotireoidismo, hiperadrenocorticismo e hiperestrongenismo, fungos ou bactérias” explica a especialista. Segundo a veterinária, o mais importante é sempre fazer um diagnóstico correto para diferenciar as enfermidades.
Quando a causa está no DNA, o problema costuma se manifestar cedo e pode ocorrer em ambos os sexos. O primeiro sinal é o pelo do animal começar a cair lentamente. O cabelo do bicho vai se transformando em uma penugem, até chegar no ponto de cair completamente. “A alopecia (área sem pelo) geralmente é simétrica e se inicia na base da orelha, passa pela região ventral (tórax e pescoço) e chega até a posterior da coxa”, explica Talita Borges.
A cadelinha Flor tem 9 anos e sofre com a calvície canina genética. Em uma situação rara, a queda de cabelo atingiu a região das orelhas. Aos 2, a queda de pelo na cabeça começou, mas a pinscher convive muito bem com o problema. A suspeita inicial foi sarna. Depois de um exame de raspagem de pele, não foi detectado nenhum parasita ou agente causador do problema naquela região. “Levamos ao consultório veterinário e lá foi constatado que se tratava da calvície canina”, conta a dona da do pet, Estela da Silva Gomes.
Em dias mais secos, Flor não dispensa um hidratante corporal próprio para animais. “Ela adora Sol, nunca teve nenhum problema de pele”, conta a auxiliar de enfermagem. Apesar da idade já avançada, a cadelinha apresenta um bom estado clínico de saúde. Além dela, Estela mantém mais um cachorro em casa, que não apresenta nenhum sinal de queda de pelo.
A calvície não se estende somente na cabeça. Pode atingir várias áreas do corpo e, em casos mais extremos, deixar o animal completamente pelado. A condição também não tem uma razão exata. “Existe um componente genético já que algumas raças são predispostas, mas é diferente do homem, por exemplo, pois não tem predileção sexual (macho/fêmea) e é comum aparecer com os animais ainda jovens”, afirma Talita.
A perda de pelos se inicia geralmente a partir dos 6 meses de vida. A falta de cabelo vai acometer principalmente a região das orelhas, parte ventral do pescoço, toráx e até mesmo o abdômen pode ser atingido. O diagnóstico da calvície é realizado por meio de biópsia da pele e da análise histopatológica. Antes de uma confirmação, o cão deve passar por uma criteriosa avaliação dermatológica para detectar ou descartar doenças hormonais, micose, sarna, alergias, fungos ou bactérias. “É feito com base nos sinais clínicos e descartando todas as outras possibilidades de alopecias, como displasias foliculares e histórico de uso tópico de medicações que podem induzir a queda de pelo (corticoides)”, explica a veterinária.
A calvície genética não acarreta em nenhum problema secundário. “Depois de detectar a doença, o maior cuidado deve ser com a proteção solar do pet”, explica Borges. Alguns cuidados são extremamente necessários. A pele fica mais sensível, então é importante não abusar da exposição ao Sol. “Recomendamos levar o cão para passear antes das 9h e depois das 16h. Também devemos passar protetor específico para pets e colocar bonés nos animais”, explica o veterinário Luiz Fernando Machado.
Tratamento
Medicações orais ou remédios externos, como pomadas e sprays manipulados, são usados no tratamento. “Geralmente, esses medicamentos dão boa resposta. Mas também depende da área afetada e da extensão da alopecia”, alerta a veterinária Talita Borges. Não existe prevenção. “Quando é causada por um gene, não existe como prevenir. Mas quando o agente causador é algum fungo ou bactéria, a solução é levar o animal sempre ao veterinário e ficar atento a qualquer alteração no pelo do bicho”, explica Marco Aurélio Gomes, veterinário.
Acessórios do mal
Lacinhos de cabelo e acessórios podem gradativamente culminar na queda de pelo do animal, principalmente no centro da cabeça. “Nesse caso, não é chamado de calvície, pois ela é induzida por um trauma, chamamos de alopecia por tração”, afirma o veterinário. Com o tempo, os folículos podem nunca mais crescer no local. “Esses acessórios vão arrancando o pelo até chegar um ponto em que os fios não se reconstituem mais”, explica Gomes.
Raças mais comuns
Confira os cães mais propensos a desenvolver o problema
- Pinscher
- Dachshund
- Boxer
- Chihuahua
- Boston terrier
- Whippet
- Teckel
- Greyhound