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Quarenta e quatro por cento dos entrevistados afirmaram ter sintomas respiratórios como tosse, falta de ar, chiado no peito e coriza, percebidos como manifestações de asma, bronquite e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC). Dos que relataram os sintomas, 35% afirmam ter asma e 37%, bronquite crônica. O pneumologista Clystenes Odyr Soares, professor da Escola Paulista de Medicina da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), chama atenção para a quantidade de pessoas que alegaram ter bronquite crônica, doença bem menos frequente e relacionada a anos de tabagismo. “É bem provável que a bronquite crônica mencionada nos resultados, na verdade, seja asma, principalmente se os primeiros sintomas surgirem ainda na infância, como é o caso de 73% dos entrevistados que responderam ter bronquite”, esclarece o especialista.
Esse tipo de confusão é bem comum entre os leigos e, segundo Clystenes, o nome que se dá pouco interessa, sendo realmente importante que a pessoa procure ajuda especializada e não desvalorize os sintomas. “O quadro existe independente do nome que os leigos dão a ele. Percebemos um certo preconceito com o termo asma, as pessoas consideram mais grave, lembram que é uma doença sem cura e preferem chamá-la de bronquite alérgica. Mas, do ponto de vista médico, é asma mesmo, uma doença de natureza alérgica, de predisposição genética, vinculada a fatores ambientais, que predomina na infância dos meninos e na vida adulta das mulheres, sendo esses pacientes sensíveis a produtos químicos e mudanças climáticas”, explica.
Chiado no peito e falta de ar são os principais sintomas de asma. Existem casos de pacientes que apresentem apenas um quadro de tosse crônica, por mais de oito semanas. A asma é intermitente, vai e volta, e os sintomas podem ser provocados por fatores externos, como clima ou presença de animal em casa. Já na DPOC, os pacientes também podem apresentar tosse e chieira, mas a doença é causada, principalmente, pelo uso de cigarro e exposição frequente à fumaça de fogão a lenha, comum nas cidades do interior.
Segundo a pneumologista Eliane Viana Mancuzo, professora da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro da Comissão de Doenças Intersticiais da Sociedade Mineira de Pneumologia, pacientes com tosse, chieira e aperto no peito recorrentes, que melhoram e voltam a apresentar o quadro, deveriam procurar um clínico, inicialmente. De acordo com ela, a população deve dar atenção, principalmente, a sintomas respiratórios que persistem por mais de duas semanas, com histórico de recorrência.
“Se em um ano a pessoa teve contato com mofo, apresentou quadro de tosse, chieira e melhorou com uso de broncodilatadores ou mesmo espontaneamente, mas os sintomas voltaram no ano seguinte em uma outra exposição ou após uma infecção respiratória, é preciso buscar ajuda. Tosse, chieira no peito e falta de ar recorrente que não melhora não podem ser desconsiderados. A asma tem uma prevalência alta no Brasil, mas ainda é subdiagnosticada e mal tratada. As pessoas acham que estão controladas, mas, quando avaliamos, percebemos que não”, explica. A sensação de controle da doença foi outro dado que chamou a atenção de especialistas na pesquisa sobre a saúde respiratória do brasileiro: 91% dos que afirmaram ter asma disseram ter a doença controlada, enquanto 72% reconhecem consequências da asma em sua rotina.
“Isso nos alerta para uma percepção equivocada que os pacientes parecem ter em relação aos sintomas respiratórios que não são valorizados e, consequentemente, podem não receber a avaliação médica adequada. É muito interessante notar essa contradição: como é possível que a maioria dos pacientes perceba a doença como controlada e, ao mesmo tempo, reconheça o prejuízo nas atividades de rotina? Infelizmente, esse descuido em relação ao controle da asma não é novidade para nós, médicos, pois existem estudos publicados que reforçam este cenário preocupante”, alerta Clystenes. De acordo com a Iniciativa Global contra a Asma (GINA), sintomas prolongados são indicadores de que a asma não está controlada e pode, assim, comprometer significativamente a vida diária dos pacientes.
TRATAMENTO
Fora de controle, a asma evolui para crises que provocam cerca de 3 mil óbitos por ano. Segundo Clystenes, apesar de incurável, a doença é plenamente controlável. “Com um diagnóstico simples e com medicação adequada, é possível viver bem com a doença. O descontrole do quadro é em função de uma não adesão adequada ao tratamento. Tem pacientes que melhoram e acham que precisam da medicação só quando não estão passando bem”, alerta o especialista. Segundo Eliane, no Sistema Único de Saúde, estão disponíveis corticoides inalatórios e bronquiodilatadores de longa e de curta duração. “Falta incorporar o tiotrópio, um anticolinérgico de longa ação recentemente aprovado e indicado para pacientes com asma não controlada”, defende.
Registros NO SUDESTE
- 35% dos pacientes que disseram ter asma buscam ajuda médica pelo menos uma vez ao mês
- 25% teriam levado mais de um ano entre os primeiros sintomas e o diagnóstico (segundo maior índice do Brasil)
EXERCÍCIO AERÓBICO
Os sintomas da asma diminuem em até 70% quando o paciente pratica exercícios aeróbicos. O dado é de um recente estudo da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) que avaliou a hiper-responsividade brônquica, que é quando o asmático tem as vias aéreas irritadas por ácaro, pó, poeira. Os resultados demonstraram que é necessária uma quantidade maior de alérgenos (pó, poeira, ácaro) para fazer a via aérea fechar, sugerindo que a inflamação diminuiu significativamente entre aqueles que praticam atividade física.
“Isso sugere que o exercício é anti-inflamatório e melhora a qualidade de vida do paciente”, ressalta o fisioterapeuta e professor da USP Celso Carvalho, coordenador da pesquisa. A prática de atividades físicas também reduziu pela metade a ida ao pronto-socorro, que costuma ocorrer durante crises de asma, mesmo em pacientes que usam medicação adequadamente. De acordo com Carvalho, todos os participantes do estudo tomavam remédio para asma, condição que também deve ser observada pelos pacientes interessados em iniciar a prática de exercícios.
Fonte: Agência Brasil