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Segundo Eduardo Vieira, quando caminhamos, as veias presentes nas pernas são submetidas ao movimento de contração e relaxamento e, como uma bomba hidráulica, facilitam a volta do sangue para o coração. “Qualquer atividade feita pelo indivíduo é um estímulo à circulação. A pessoa sedentária ou que tem sobrepeso fica longos períodos na mesma posição, tanto sentada, quanto em pé, e isso diminui a dinâmica do sangue”, ensina. Levar uma vida saudável, que inclui a prática de exercícios físicos e a alimentação equilibrada, nem sempre garante a eliminação dos problemas circulatórios, visto que o fator genético é determinante. Para o presidente da Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular (SBACV), Pedro Pablo Komlós, mesmo com todos os cuidados, o indivíduo ainda pode adoecer. “Havendo sintomas diferentes, que não são reconhecidos, o paciente deve procurar um médico. É importante ser encaminhado ou procurar diretamente um especialista, pois doenças desse tipo não são difíceis de serem diagnosticadas, porém, tudo vai depender de uma boa orientação”, alerta.
O professor de inglês Miles Andrews, 47 anos, nunca tinha ouvido falar de trombose, muito menos de embolia pulmonar quando começou a perceber que a perna direita passou a ficar amarelada. Pela falta de conhecimento, achou que a coloração estranha na pele logo sumiria. Sem notar nenhuma melhora e depois de verificar que a região estava inchada e dolorida, Miles decidiu buscar ajuda médica. Ao fazer os primeiros exames, descobriu a trombose e foi internado imediatamente. Tomou uma medicação para ajudar a diluição do sangue, mas parte do líquido coagulado acabou indo parar no pulmão. Além disso, os especialistas encontraram ainda outro coágulo na perda esquerda. O professor precisou ser submetido a uma cirurgia, na qual inseriram uma espécie de filtro em seu corpo a fim de impedir que novos episódios pudessem atingir o pulmão, o coração ou o cérebro.
Passado o susto, Miles descobriu que havia histórico da doença na família. Mas longe de colocar a culpa na carga genética, Miles acredita que o problema surgiu pelo fato de fumar muito e ter a alimentação desregrada. “Acho que não sentia nada e não tive problemas maiores porque faço muito exercício diariamente. Ando de bicicleta, faço musculação e caminho”, conta.
Varizes, trombose e embolia pulmonar são as doenças mais comuns decorrentes da má circulação nas pernas. A partir da primeira, as outras podem se desenvolver em graus diferentes. As pequenas veias são uma desvantagem da evolução humana, pois, como colocamos o peso do corpo nos membros inferiores, as pernas acabam sobrecarregadas. “É uma doença multifatorial. O exercício não fará sumir as causas existentes, mas vai evitar que apareçam novas. É uma prevenção”, esclarece Eduardo Vieira.
Perigo
A trombofilia é a predisposição ao desenvolvimento da trombose, a formação de coágulos sanguíneos. Esses coágulos percorrem vasos e artérias e podem provocar o entupimento de veias e interromper o fluxo do sangue e, com isso, causar isquemias e embolias. A trombofilia se manifesta em cerca de 20% da população mundial e se origina tanto de fatores hereditários como adquiridos.
Mulheres em alerta
Tanto as varizes finas quanto as mais acentuadas podem ser motivadas pela genética, pela idade ou pelos hormônios. As mulheres têm, naturalmente, mais flutuações hormonais do que os homens e, como o sistema venoso é muito influenciado por essas mudanças bruscas, elas têm maior predisposição a essas doenças.
O uso de anticoncepcionais e a gravidez são fatores de risco para o aumento das varizes. “Aparecem em qualquer idade, mas, a partir da menstruação, tendem a se intensificar. O maior problema se constitui na junção dos genes que tendem a herdar veias fracas, com paredes pouco elásticas, semelhantes a borrachas”, fundamenta Komlós. Ainda de acordo com ele, algumas etnias são mais propensas, como a italiana e a alemã.
Alguns hábitos ajudam a prevenir o aparecimento: praticar uma atividade física diária que exercite os braços e as pernas, manter a alimentação balanceada, controlar o peso e fazer checapes anuais. Além disso, fortalecer a panturrilha com uma rotina de exercícios musculares e aeróbicos contribui para amenizar o desconforto causado pela sobrecarga na circulação no fim do ciclo menstrual.