A mais recente esperança no tratamento contra o câncer promete trocar os quimioterápicos e seus violentos efeitos colaterais por uma terapia que tira a força do próprio sistema imunológico do paciente. A imunoterapia, no entanto, ainda não é uma opção universal e desafia médicos e cientistas a descobrirem os melhores caminhos para ativar a defesa inata do organismo humano. Uma nova linha de pesquisa desenvolvida por um cientista brasiliense parece ter encontrado a solução para esse problema: a estratégia “engana” as células de defesa, fazendo com que o sistema imune ataque o tumor como se estivesse combatendo um vírus. Testes em laboratório indicam que a simples resposta antiviral do organismo é capaz de enfraquecer o carcinoma e melhorar significativamente o resultado da imunoterapia.
O principal obstáculo dos médicos que administram a imunoterapia é uma estratégia de ataque bastante eficiente usada pelos tumores. Por meio de pequenos compostos químicos, as células cancerosas são capazes de “desligar” os genes responsáveis pela defesa do paciente e conseguem passar desapercebidas. “Aos olhos do sistema imune, o câncer é uma célula normal. Então, ele não vai ser atacado”, explica Daniel de Carvalho, brasileiro que lidera um grupo de pesquisa no Princess Margaret Cancer Centre, afiliado à Universidade de Toronto, no Canadá.
Há três anos, o ex-aluno da Universidade de Brasília (UnB) investiga o uso de drogas epigenéticas para combater o sistema silenciador do câncer. Esse tipo de medicamento serve como um tipo de contra-ataque, reativando os códigos genéticos que foram inutilizados pelas células tumorais. “Notamos que, quando usávamos as drogas epigenéticas, induzíamos uma reação que é muito semelhante a uma resposta antiviral”, descreve Carvalho. Em tecidos afetados pelo câncer, o medicamento faz com que o sistema de defesa veja o tumor como células infectadas por um vírus, atacando-o e contendo o crescimento dele.
O trabalho recebeu destaque na edição de ontem da revista especializada Cell, que publicou dois artigos que colocam o novo tipo de terapia à prova. Enquanto o grupo liderado por Daniel de Carvalho tratou modelos de câncer de cólon com a falsa infecção viral, um grupo de cientistas do Johns Hopkins Kimmel Cancer Center, nos Estados Unidos, trabalhou com células cancerosas de ovário e pele, além de amostras de tumores de cólon. O tratamento epigenético fez com que as células liberassem proteínas sinalizadoras chamadas interferons, que “despertam” as estruturas de defesa, matando as estruturas doentes.
“Quando uma célula é infectada por um vírus, ela envia sinais ao sistema de defesa para que as estruturas imunes possam vir e destruí-lo”, ensina Katherine Chiappinelli, pesquisadora da Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins e autora do outro artigo que investiga a terapia promissora. “Ao tratarmos células tumorais com essas drogas epigenéticas, notamos uma maior resposta antiviral. Acreditamos que isso está aumentando o número de células imunes do ambiente celular do tumor e faz com que os cânceres fiquem mais suscetíveis à imunoterapia”, ressalta Chiappinelli.
Melhora significativa
O método que combina o medicamento epigenético com a imunoterapia foi testado em ratos de laboratório que haviam recebido injeções de amostras de tumores humanos. Os animais doentes receberam a droga que ativa a resposta antiviral combinada com doses dos medicamentos tradicionalmente usados no combate aos carcinomas. Se comparados com as cobaias que receberam apenas a imunoterapia, os tumores dos roedores que contaram com o estímulo extra foram muito mais afetados pelo tratamento e reduziram significativamente.
O grupo liderado pelo pesquisador brasileiro se prepara agora para testar o método em um estudo clínico, com pacientes que sofrem de cânceres de cólon, de ovário e de mama. Os estudiosos acreditam que o tratamento combinado possa aumentar significativamente o número de pacientes que respondem à imunoterapia, evitando as complicações dos efeitos colaterais da quimioterapia, estendendo a expectativa de vida dos pacientes que sofrem com o câncer e reduzindo o número de casos de retorno da doença. O câncer de cólon, por exemplo, um dos modelos usados para o estudo da nova intervenção, tem uma taxa de reincidência de 50% e uma baixa resposta à terapia que estimula o sistema imune.
O principal obstáculo dos médicos que administram a imunoterapia é uma estratégia de ataque bastante eficiente usada pelos tumores. Por meio de pequenos compostos químicos, as células cancerosas são capazes de “desligar” os genes responsáveis pela defesa do paciente e conseguem passar desapercebidas. “Aos olhos do sistema imune, o câncer é uma célula normal. Então, ele não vai ser atacado”, explica Daniel de Carvalho, brasileiro que lidera um grupo de pesquisa no Princess Margaret Cancer Centre, afiliado à Universidade de Toronto, no Canadá.
Há três anos, o ex-aluno da Universidade de Brasília (UnB) investiga o uso de drogas epigenéticas para combater o sistema silenciador do câncer. Esse tipo de medicamento serve como um tipo de contra-ataque, reativando os códigos genéticos que foram inutilizados pelas células tumorais. “Notamos que, quando usávamos as drogas epigenéticas, induzíamos uma reação que é muito semelhante a uma resposta antiviral”, descreve Carvalho. Em tecidos afetados pelo câncer, o medicamento faz com que o sistema de defesa veja o tumor como células infectadas por um vírus, atacando-o e contendo o crescimento dele.
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Melhora significativa
O método que combina o medicamento epigenético com a imunoterapia foi testado em ratos de laboratório que haviam recebido injeções de amostras de tumores humanos. Os animais doentes receberam a droga que ativa a resposta antiviral combinada com doses dos medicamentos tradicionalmente usados no combate aos carcinomas. Se comparados com as cobaias que receberam apenas a imunoterapia, os tumores dos roedores que contaram com o estímulo extra foram muito mais afetados pelo tratamento e reduziram significativamente.
O grupo liderado pelo pesquisador brasileiro se prepara agora para testar o método em um estudo clínico, com pacientes que sofrem de cânceres de cólon, de ovário e de mama. Os estudiosos acreditam que o tratamento combinado possa aumentar significativamente o número de pacientes que respondem à imunoterapia, evitando as complicações dos efeitos colaterais da quimioterapia, estendendo a expectativa de vida dos pacientes que sofrem com o câncer e reduzindo o número de casos de retorno da doença. O câncer de cólon, por exemplo, um dos modelos usados para o estudo da nova intervenção, tem uma taxa de reincidência de 50% e uma baixa resposta à terapia que estimula o sistema imune.