Saúde

Mito ou realidade: existe o superorgasmo? Fomos atrás da resposta

No Dia Mundial do Orgasmo quisemos saber como potencializar o clímax. Conversamos com especialistas e trouxemos dicas para você aproveitar (bem) o dia

A personagem Anastasia Steele, em 50 Tons de Cinza, passa por um processo de descoberta da própria sexualidade quando conhece o milionário Christian Grey

A dificuldade de atingir o orgasmo é um problema sério na vida de muitas mulheres e homens. Seja por questões fisio ou psicológicas, 26% das brasileiras nunca atingiu o clímax. E quanto mais se fala nesse assunto, mais especialistas reforçam que o autoconhecimento é o melhor caminho para se chegar lá. Contudo, uma vez que se descobre o caminho, como ir além e tornar a experiência algo memorável? Conversamos com especialistas para descobrir.


“Pensando na parte fisiológica, toda mulher é capaz de ter orgasmos. Mas existem algumas barreiras que dificultam isso, como a cultura, a educação sexual, problemas com o parceiro, local inapropriado”, pontua a sexóloga Cíntia Jorge Morais. “O ideal é que a mulher tivesse tido uma educação sexual razoável, para entender e conhecer o próprio corpo. Mas sexo não é só fisiológico, é psicológico também. O que se passa na sua cabeça na hora é mais importante. Isso pode muito bem facilitar ter um bom orgasmo”, completa.

O ginecologista e coordenador do Departamento de Sexologia da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, Ramon Luiz Moreira, explica que o orgasmo é um reflexo do nosso corpo e para dominá-lo, é necessário treinamento. “Você é um motorista, mas não consegue dirigir um carro de Formula 1 a 300 Km/h. Esses motoristas têm um reflexo muito apurado. Você pode pensar no orgasmo da mesma maneira, como um reflexo que pode ser intensificado, e existem técnicas milenares que ajudam nisso como o Kama Sutra e o tantrismo”, afirma.

Usar a expressão ‘superorgasmo’ demanda cuidado e não é comum. Mas, na prática, com treinamento, é possível sim alcançar um orgasmo ‘acima da média’, seja em intensidade ou duração. É bom que fique claro que esse ‘acima da média’ se refere ao que é comum para você. Orgasmo é algo muito subjetivo e influenciado por algumas variáveis, como aquelas já mencionadas acima. Então o foco aqui não é competir com outros, mas ‘consigo mesmo’, e sempre de maneira saudável.

Uma das técnicas mais conhecidas e antigas para se aproveitar ao máximo o orgasmo é difundida pelo tantrismo. Sabe aquela expressão que diz que a pressa é inimiga da perfeição? Se essa doutrina tivesse um slogan, poderia ser esse. “Esse tipo de prática tenta retardar ao máximo o orgasmo, estimulando todas as outras áreas do corpo, exceto a sexual”, comenta. Usando a analogia de uma caixa d’água, esses estímulos - que podem se seguir por dias - vão se acumulando, como a água, até serem liberados de uma vez no ato sexual, quando a caixa ‘transborda’. O resultado desse transbordo é a liberação de uma ‘explosão’ muito maior que a de um orgasmo comum.

Mas você não precisa seguir a doutrina para aprender com ela. A dica principal é que as preliminares contam. “Quanto mais rápido, menos intenso o orgasmo é. Uma relação com muitas preliminares e muita excitação, terá um orgasmo muito intenso. O problema é que pessoas hoje em dia não tem tempo, paciência ou estão predispostas a gastar tempo com a dinâmica da relação”, destaca.


Outra técnica de potencializar o clímax é o pompoarismo. A prática dos exercícios promete não só melhorar a vida sexual dos adeptos, mas prevenir a incontinência urinária e ajudar nas disfunções sexuais de mulheres e homens (leia mais aqui). No caso delas, principalmente, a dor na penetração e a falta de orgasmo. Para eles, o treinamento ajuda a aumentar o tempo entre a excitação e o gozo, tratando casos de ejaculação precoce.

“Outra teoria é de que existe no corpo áreas erógenas que estimulam a pessoa de maneira mais intensa, especialmente nas genitálias. No homem, elas estão localizadas no reto, entre o ânus e a próstata . Existem, inclusive, aparelhos que estimulam região anal, como se fosse um tipo de pompoarismo anal, para terem orgasmo mais potente”, relata o sexólogo.

Além dos orgasmos mais intensos, quem procura por emoções mais fortes na cama, pode explorar a ideia de múltiplos orgasmos. E não, eles não são difíceis de serem atingidos como se imagina por aí. “Algumas pessoas, especialmente mulheres, têm a capacidade de terem orgasmos seguidos”, conta. O segredo é, perto do clímax, manter a estimulação contínua na área genital. Em homens o orgasmo múltiplo pode acontecer por estímulo anal. “Quando o homem ejacula, ele terá dificuldade de ter vários, mas alguns homens conseguem ter o orgasmo sem ejacular e com o estímulo anal, com dedo ou aparelhos, podem ter mais de um”, explica.

Ponto G existe?
Segundo o sexólogo, sim - ao menos para algumas mulheres. “Ele fica atrás da púbis e para ser estimulado, é necessário o uso do dedo, na parte interior da vagina”, conta. O orgasmo feminino pode acontecer com estímulo do clitóris ou vaginal. Uma maneira de usar o ponto G para potencializar a sensação de prazer é agir nas duas áreas ao mesmo tempo. “É muito comum parceiros aprenderem isso. O homem pode estimular a mulher dentro da vagina e ela, sentada, estimula o clitóris. Assim o orgasmo é muito mais intenso”, diz.