Mesmo com toda a informação que é divulgada sobre a importância do uso da camisinha, muitos brasileiros relutam em usá-la. Os números comprovam: 94% da população sabe que a camisinha é a melhor forma de prevenir as DSTs, porém, ao mesmo tempo, 45% admitiram que não a usaram em relações casuais, segundo informações da Pesquisa de Conhecimentos, Atitudes e Práticas na População Brasileira (PCAP).
As desculpas para o 'não uso' do preservativo são variadas e vão desde a intimidade do casal a até o tamanho do pênis. A postagem de uma internauta sobre este último 'argumento' causou frisson nas redes sociais recentemente. Mousie (@dramaticemily) compartilhou em sua conta no Twitter uma foto de seu antebraço dentro de uma camisinha em uma tentativa de desmistificar o mito do "pênis grande demais". "Se um garoto te disser que ele é grande demais para uma camisinha, por favor, mande isso para ele", diz a garota no tweet que teve mais de 25 mil compartilhamentos e curtidas.
Mas tamanho é ou não desculpa para evitar preservativo? Conversamos com o urologista e vice-presidente da Sociedade Brasileira de Urologia em Minas Gerais (SBU-MG), Francisco de Assis Teixeira Guerra, para esclarecer essa e outras questões. Confira:
Existe pênis grande demais para camisinha?
Talvez esse seja o mito mais fácil de ser derrubado. Hoje em dia, existem camisinhas dos mais diversos tamanhos - incluindo extra grande. "De modo geral, para qualquer pênis vai existir uma camisinha adequada", conta. Então essa história de pênis grande demais é uma justificativa que não dá para usar, ok?
E pênis pequeno demais?
"Existe uma condição que chamamos de micropênis. Conceitualmente, essas pessoas teriam problemas congênitos, com menos de 6 cm. Excetuando essa situação, os pênis podem variar de tamanho conforme países", afirma. No Brasil, o tamanho médio varia entre 12 e 14 cm.
Os preservativos são 100% seguros contra DSTs?
Para o urologista, esse é um assunto delicado. "Sabemos que alguns tipos de HPV podem ser adquiridos através dos microporos da camisinha", pondera. Mas ele ressalta que isso não é justificativa para não usar. Os casos são pouco frequentes e os preservativos continuam sendo o método mais eficiente para prevenção de todos os outros tipos de doenças sexualmente transmissíveis. "A não ser que haja contato com a secreção na área que não é envolvida pela camisinha, onde ela protege é um ótimo método preventivo", afirma.
E contra gravidez?
Quanto à gravidez, o médico é categórico: se a camisinha não funcionou, alguma coisa deu errado na colocação. "Muitas vezes a pessoa não colocou o preservativo adequadamente. Se rompeu é porque não foi colocada corretamente. Colocando direitinho, não há como engravidar", explica. A maneira correta de usar o preservativo é segurando na ponta e envolver o pênis em seguida. Outra coisa que pode acontecer, segundo o médico, é o contato com o sêmen antes ou depois do uso do preservativo.
Em uma relação estável não preciso usar camisinha.
Dados de 2012 indicam que quatro a cada 10 jovens brasileiros dispensam o uso de camisinhas quando em relacionamentos estáveis. A prática é justificada pela ausência de outros parceiros e, portanto, a 'inexistência' de risco de transmissão de DSTs. No entanto, vale lembrar que sexo não é a única maneira de se transmitir essas doenças. O especialista também lembra que muitas delas podem ser silenciosas. "Quando falamos de HPV, por exemplo, a pessoa pode ser portadora do vírus sem nunca ter manifestado uma lesão na genitália", explica. "Se a pessoa for portadora de qualquer doença não diagnosticada, ela pode transmitir ao parceiro", completa.
Deixar a camisinha por muito tempo na carteira pode estragá-la?
Aquela brincadeira de que o preservativo vai estragar de tanto tempo na carteira é verdade. "Ela pode perder a eficiência e também pode ressecar. A partir do momento que ela está em uma situação não adequada de preservação isso pode interferir na qualidade do preservativo", comenta.
Posso usar a mesma camisinha duas vezes durante a transa?
Categoricamente, não. "Por alguns motivos", afirma o urologista. "Ela vem com uma lubrificação. A partir do momento que você a usa, você gasta a lubrificação. Colocá-la novamente vai ser mais difícil, facilitar saída e comprometer a segurança", explica. Se com a mesma parceira já não rola, com outra, nem pense. "Lavar e usar de novo, nunca também", brinca.
Existe problema em fazer sexo vaginal logo depois do anal?
Sim, se você usar o mesmo preservativo. "Nesses casos, você está levando a flora do intestino para cavidade vaginal e pode causar até uma infecção grave na sua parceira. Por isso, o ideal é sempre trocar o preservativo", alerta.
Camisinhas com sabor pode?
As famosas camisinhas com sabor não são recomendadas pelos especialistas, uma vez que elas aumentam a possibilidade de reações alérgicas. "Há uma possibilidade de irritação química por causa dos componentes desses preservativos. Assim como nos lubrificantes, o ideal é que eles sejam à base de água", diz.