A constituição do exército varia em cada indivíduo. Cor, gênero, condições ambientais (como poluição) e idade são fatores que podem diminuir ou aumentar a quantidade de “soldados” da pele. Eliandre Palermo, presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD), explica que o desequilíbrio do microbioma da pele pode resultar em doenças de pele, como a dermatite atópica e a acne. “Cerca de 90% dos adolescentes têm acne e quase metade deles vai continuar a apresentar algum sintoma mesmo quando forem adultos”, exemplifica. “Porém, somente 1% dos homens e 5% das mulheres ainda apresentarão lesões ativas de acne aos 40 anos.” No caso da dermatite atópica, a médica explica que a baixa diversidade de bactérias características da doença enfraquece a barreira contra micróbios irritantes e alérgenos. Isso, por sua vez, faz com que os pacientes fiquem mais suscetíveis à sensibilização alérgica, bem como a infecções.
A importância de mapear e conhecer quais micro-organismos fazem parte do microbioma cutâneo é entender como evitar e, eventualmente, curar as doenças de pele. O Projeto Microbioma Humano, iniciado em 2008, tem exatamente esse objetivo. Por meio da análise dos micro-organismos de várias partes do corpo, os especialistas conseguem sequenciar o genoma microbiano. “Isso ajudará a elucidar a relação entre a doença e as mudanças no microbioma humano”, resume. “Com isso, teremos o aprimoramento e a padronização de protocolos, com o fim de se examinar a relação entre as mudanças no microbioma dos indivíduos e o aparecimento de doenças de relevância para a medicina.”