A Candida normalmente é inofensiva e pode ser encontrada na microbiota humana — na maior parte do tempo, o corpo humano mantém o fungo sob controle, na forma de levedura. No entanto, quando há um comprometimento do sistema imune, o fungo assume uma forma agressiva e passa a produzir filamentos longos, capazes de penetrar nos tecidos e criar colônias infecciosas. A condição pode levar à morte e é ainda mais preocupante em pacientes submetidos a transplantes de órgão e soropositivos.
Um dos desafios dos cientistas é compreender melhor esse mecanismo de transformação do fungo e encontrar uma forma de barrar o processo. Ao analisar como a Candida age, os pesquisadores da Universidade de Aberdeen, no Reino Unido, identificaram o papel crucial desempenhado pela molécula Rsr1 na invasão. “Ela ajuda os filamentos a penetrar os tecidos e através de barreiras”, explica Tina Bedekovic, que integra o grupo do estudo. “Sem a Rsr1, a habilidade do fungo provocar uma doença é significantemente reduzida”, resume a pesquisadora.
O trabalho, agora, se volta para identificar a chave que ativa o uso da molécula essencial para a infecção, o que pode indicar um caminho para o desenvolvimento de um novo tratamento clínico contra a Candida. O maior desafio é interromper o processo de invasão do micro-organismo sem atingir acidentalmente ações benéficas de células do paciente e semelhantes ao Rsr1. “Se for parte de um canal específico dos fungos que controla o crescimento, ele poderia ser atingido com drogas terapêuticas e não causar danos ao paciente”, ressalta Bedekovic.
Os pesquisadores planejam investigar que moléculas podem se ligar ao Rsr1 na Candida e, então, identificar o ativador usado para o desenvolvimento desses filamentos invasores. Dessa forma, poderiam desenvolver um medicamento capaz de bloquear a ação da molécula agressiva e barrar o processo de infecção.