Saúde

Método que utiliza células do paciente promete cura para a calvície

Tratamento, com base na medicina regenerativa, estará disponível em 2018

Estado de Minas

Cerca de 10% daquelas que estão na menopausa apresentam sintomas de alopecia, chegando a afetar até 70% dos maiores de 65 anos
Todas as culturas, das mais simples às mais complexas, atribuem um valor especial aos cabelos. Por isso, dominam cuidadosamente as habilidades de cortá-los e tingi-los, com suas populações dedicando inúmeras horas em salões de beleza e bilhões de dólares em alternativas que possam não apenas deixá-los mais bonitos, mas também que consigam recuperá-los ante os primeiros sinais da alopecia – ou calvície. As empresas Shiseido e RepliCel Life Sciences Inc. anunciaram um avanço animador neste sentido: a cura da calvície será uma realidade a partir de 2018.


Não se trata de implante, transplante de fios ou tratamento químico. Desde julho de 2013, a Shiseido, gigante japonesa dos cosméticos, desenvolve – com a canadense de biotecnologia Replicel – um método que aposta na medicina regenerativa para erradicar a calvície. Elas têm licença exclusiva para utilizar uma tecnologia chamada RepliCel Hair 01 (RCH- 01) em toda a Ásia.

A medicina regenerativa é uma abordagem que restaura as funções normais de órgãos e tecidos afetados por doenças e distúrbios utilizando a capacidade inata das células humanas de regenerar-se e multiplicar-se. Existem dois tipos de estratégias: a transplantação autóloga de células, que usa as células do próprio paciente, e o transplante alogênico de células, o qual lança mão de células doadas por outra pessoa.

A RCH-01 baseia-se na primeira opção. Desenvolvida ao longo de numa década de pesquisas científicas e de aplicação segura em humanos, foi validada em ensaios clínicos de fase 1, a primeira rodada de experimentos com humanos. Basicamente, a tecnologia consiste em coletar células específicas do couro cabeludo de um paciente. Elas são cultivadas em laboratório e implantadas, ou injetadas, em áreas afetadas pela calvície (veja arte). Com isso, essas células-tronco – pois têm capacidade de se dividir e de dar origem a células semelhantes – estimulam os fios de cabelo, ou folículos pilosos, promovendo o crescimento capilar.

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A preocupação em desenvolver um tratamento eficiente para a calvície se deve à frequência dos sintomas: nos homens, começa a se manifestar entre os 20 e 25 anos, sendo mais prevalente entre caucasianos; em geral, 30% deles são afetados por volta dos 30 anos, 50% na faixa dos 50 e 80% aos 70 anos. É mais comum entre eles, visto que está associada à testosterona. Porém, mulheres também sofrem com a queda de cabelo, que começa por volta dos 40 anos.

Cerca de 10% daquelas que estão na menopausa apresentam sintomas de alopecia, chegando a afetar até 70% dos maiores de 65 anos. Tanto homens quanto mulheres têm como opção de tratamento perucas, produtos farmacêuticos que estimulam o crescimento capilar, implantes e transplantes de fios. Drogas andrógenas com fator de crescimento podem ser prescritas; porém, ao menos por enquanto, somente para homens. A RCH-01 estará disponível em 2018 para norte-americanos com maior poder aquisitivo. Grupos mais pobres terão acesso por volta de 2030.



Questão de evolução
Dos 3 mil mamíferos vivos, apenas alguns não têm pelos, tais como porcos, baleias, elefantes, humanos, ratos-toupeira e morsas. À exceção dos humanos, a ausência é consistente com o ambiente. Por exemplo: baleias são animais aquáticos, e os ratos-toupeira são escavadores subterrâneos. Em 1871, Charles Darwin indicou que a seleção sexual explicaria a nudez humana. Cientistas propuseram teorias no mínimo curiosas. Uma delas defende que primatas dependem da face para se comunicar, o que teria induzido a perda de pelos na face humana. Outra sugere que o cabelo longo favoreceu os filhotes a se agarrarem às mães, explicando por que, teoricamente, homens preferem cabelos maiores.