A doença é dividida em dois casos: as inflamações nas varizes do ânus definidas como hemorroidas externas e as no reto, que são chamadas de hemorroidas internas. O presidente da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), Ronaldo Salles, explica esses dois tipos e suas características. “As internas são as mais problemáticas, pois podem se tornar grandes veias dilatadas e sair do ânus após uma evacuação. O sintoma mais comum é a perda de sangue durante a evacuação. Já as externas são devido ao rompimento de uma veia externa que forma um hematoma ou trombose no formato de uma pequena bola”.
A doença pode surgir por um determinismo genético, mas uma das principais causas é o intestino preso. As fezes ressecadas, com o tempo, podem desenvolver a patologia. Outro fator de risco é a gravidez, em decorrência do peso do feto sobre a região anal, que pode dilatar os vasos. A prática de algumas rotinas profissionais ou esportivas que levam ao esforço muscular intenso, como levantamento de peso ou musculação com muita carga, também podem aumentar a pressão e inflamar as veias hemorroidárias.
“Não há como prevenir o aparecimento das hemorroidas, mas bons hábitos de alimentação e de vida podem aliviar ou retardar o aparecimento dos sintomas”, afirma o coloproctologista que destaca que é essencial beber muita água e ter uma dieta rica em fibras. Frutas como ameixa, laranja, mamão, abacaxi, manga, abacate e verduras, e fibrosas, como espinafre, couve, vagem, quiabo, brócolis, além de nozes e avelãs, são boas dicas para um cardápio saudável. A ingestão de líquidos também é essencial para que as fezes fiquem mais macias e não agridam o canal.
Profissional na área há mais de 30 anos, Hilma Nogueira afirma que é importante evitar alimentos muito temperados e deixar o papel higiênico de lado, utilizando para a higienização lenço umedecido ou água.
Segundo os dois especialistas, ao contrário do que muitos pensam, as hemorroidas não evoluem para nenhum tipo de câncer, mas o diagnóstico tardio pode causar anemia intensa, necrose dos tecidos anorretais e infecção secundária; essa necrose em casos mais graves. O tratamento é indicado de acordo com o grau do problema, sendo que o mais comum é a administração de medicamentos tópicos. Para os tipos intermediários, existem alguns métodos de tratamento local, pouco invasivos, realizados em consultório, que podem ser muito eficazes se aplicados corretamente.
“Há muitos métodos ditos não cirúrgicos como esclerose, ligadura elástica, infravermelho e outros. São métodos feitos no consultório sem anestesia e considerados intervenções de pequeno porte”, esclarece o presidente da SBCP. Os casos mais graves são tratados com intervenção cirúrgica.