Saúde

Maior escolaridade pode ser arma contra aids nos países mais atingidos

Um ano escolar a mais permitiria diminuir em até 8% o risco de infecção pelo vírus HIV ao longo dos dez anos seguintes

AFP - Agence France-Presse

Uma extensão do ensino secundário pode ser um método eficaz e econômico para reduzir o número de casos de aids nos países mais afetados pelo vírus, de acordo com um estudo realizado em Botswana. Segundo a pesquisa, publicada nesta segunda-feira pela revista médica The Lancet Global Health, um ano escolar a mais permitiria diminuir em até 8% o risco de infecção pelo vírus HIV ao longo dos dez anos seguintes.


A pesquisa foi realizada com 7 mil jovens homens e jovens mulheres com idades de pelo menos 18 anos no momento da entrevista.  Botswana é um dos países com taxa mais elevada de infecções pelo HIV, com cerca de 22% dos habitantes com idades entre 15 e 40 anos soropositivos em 2013.

O país modificou seu sistema escolar em 1996 para prolongar o tempo de escola em mais seis meses, o que permitiu que os pesquisadores comparassem jovens que fizeram seus estudos antes ou depois da alteração.

O impacto dessa extensão na escolaridade foi "particularmente claro entre as mulheres", atingindo 12% para um ano de escolaridade a mais.

O papel dos fatores sócio-econômicos na progressão da aids já era conhecido, mas nenhum estudo havia demonstrado a importância da escolaridade.

Segundo um dos co-autores do estudo, Jan-Walker de Neve, da Escola de Saúde Pública de Boston, a educação permite especialmente "aumentar as oportunidades econômicas e reduzir a participação das mulheres em relações sexuais consideradas de alto risco".

Os autores do estudo ressaltam também que mais tempo na escola secundária pode ser uma medida "muito econômica" para prevenir o desenvolvimento da aids nas zonas endêmicas.

"A escola deve fazer parte de uma estratégia multilateral de prevenção da aids, ao lado de outras intervenções", explicou o outro co-autor do estudo, Jacob Bor.