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“O potencial de uma vacina para a hipertensão está em oferecer um tratamento inovador e que pode ser muito eficaz para o controle da não conformidade, que é um dos principais problemas no manejo de pacientes hipertensos”, avalia Hironori Nakagami, um dos coautores da pesquisa. A Sociedade Brasileira de Cardiologia estima que 80% dos hipertensos do país não se mediquem corretamente.
Testada por enquanto em ratos, a vacina com fragmentos de DNA age sobre o angiotensina 2, um hormônio que faz com que os vasos sanguíneos se contraiam, o que pode levar ao aumento da pressão arterial. As cobaias foram modificadas para ter a doença e receberam a injeção três vezes, com intervalos de duas semanas entre elas. Além de reduzir a pressão arterial por seis meses, a substância aplicada diminuiu danos nos tecidos cardíacos e nos vasos sanguíneos relacionados à hipertensão. Os rins e o fígado dos animais também não foram prejudicados.
Segundo os autores, o funcionamento da vacina é similar ao dos medicamentos que inibem a ação da enzima conversora da angiotensina, também chamados de inibidores de ECA. As ECAs são substâncias químicas que transformam o sangue “inativo quimicamente” em um constritor de vasos sanguíneos, levando ao estreitamento deles e, consequentemente, ao aumento da pressão arterial. O fato de terem que ser ingeridos diariamente, porém, leva muitos pacientes a não se medicar ou a fazê-lo incorretamente.
Os pesquisadores da instituição de ensino japonesa ressaltam que a vacina de DNA, além de eliminar esse dificultador, pode baratear o tratamento da hipertensão, já que as doses de medicação poderiam ser semestrais. Para regiões da África e do sul da Ásia, por exemplo, a ingestão diária de um anti-hipertensivo se torna cara. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a pressão alta é mais prevalente na África. A estimativa é de que 46% dos adultos do continente tenham pressão alta.
Diferenças
Editor associado da revista Hypertension, Ernesto L. Schiffrin ressalta a necessidade da realização de testes com humanos. Segundo ele, o tempo de “validade” da vacina em ratos pode não ser igual quando administrada em um organismo mais complexo. “O uso da vacina em seres humanos pode resultar em efeitos colaterais”, complementou. Schiffrin informa que a busca por uma vacina para o tratamento da hipertensão começou em meados da década de 1980. Algumas já foram testadas em humanos, mas com resultados pouco promissores e efeitos colaterais consideráveis.
Nakagami ressalta que o trabalho com vacina é inicial, mas reforça o potencial da proposta. “Mais pesquisas nessa plataforma de vacina de DNA, incluindo o aumento da longevidade da redução da pressão arterial, podem, eventualmente, proporcionar uma nova opção terapêutica para o tratamento de pacientes hipertensos.” A equipe de pesquisadores cogita também usar a tecnologia para gerar vacinas contra outras doenças.