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Em comunicado, a FDA, responsável por regulamentar o uso de alimentos, medicamentos e cosméticos que são comercializados nos Estados Unidos, sustentou que vários testes científicos demostraram que o consumo de gorduras trans eleva o nível do chamado colesterol “ruim”. “Esta ação da FDA contra a maior fonte artificial de gorduras trans demonstra o compromisso da agência com a saúde cardíaca dos americanos”, destacou Stephen Ostroff, comissário da FDA, ao anunciar a medida. Com isso, “espera-se que sejam reduzidas as doenças coronarianas e possamos prevenir milhares de infartos cardíacos fatais todos os anos”.
As gorduras trans não comportam nenhuma ação benéfica e nenhum nível de consumo é seguro para a saúde, como já haviam estabelecido previamente alguns estudos de institutos de saúde dos Estados Unidos. Desde 2006, os fabricantes desses produtos nos Estados Unidos eram obrigados a incluir informações nos rótulos com advertências claras aos consumidores sobre o uso deste tipo de gordura. Mas a lei norte-americana ainda permite que os alimentos sejam rotulados como livres de gordura trans caso contenham menos de 0,5 grama por porção do produto.
A FDA informou que também está trabalhando para mudar essa medida e que o uso de óleos hidrogenados (APH) será absolutamente proibido em todos os alimentos até 2018, a menos que os fabricantes obtenham uma exceção específica dos reguladores. De acordo com a FDA, a rotulagem obrigatória e outras medidas tomadas por alguns atores da indústria de alimentos que mudaram suas receitas já conseguiram reduzir em 78% o consumo de gorduras trans na última década.
Os produtores de alimentos têm três anos para “reformular seus produtos para que não contenham APH, ou devem pedir a autorização da FDA para usos específicos do APH”, explicou a agência. A Grocery Manufacturers Association (GMA, associação de fabricantes de comestíveis) agradeceu o prazo dado, porque “fornece o tempo necessário para os produtores de alimentos completarem sua transição para alternativas adequadas e/ou aprovação do pedido”, em declaração. A GMA, que representa cerca de 300 empresas líderes de alimentos e bebidas, fará sua própria petição à FDA nos próximos dias, segundo a associação.
Nutrição
No Brasil, embora não haja decisão semelhante, a doutora em nutrição Daniela Frozi, integrante do Conselho Nacional Alimentar e Nutricional (Consea), destaca que o órgão produziu o Novo guia alimentar da população brasileira, que incentiva o consumo de produtos naturais e incremento de políticas de agricultura familiar.
“É sabido por pesquisas mundiais que os alimentos ultraprocessados, que utilizam gordura trans, estão associados a doenças crônicas, como câncer de mama e próstata, e a problemas cardiovasculares. Há 15 anos, o médico e nutricionista Walter Willet já apontava esses malefícios. No Brasil, são várias as pesquisas que confirmam os riscos desses alimentos à saúde”, disse Daniela.
Para a doutora em nutrição, a decisão norte-americana promete revolucionar a indústria de alimentos do país, que introduziu mundialmente o processamento de alimentos com uso de gordura trans. “O uso da gordura trans não veio para atender a uma necessidade alimentar, mas apenas ao interesse da indústria do setor, apenas para baratear custos”, pontuou.
(Com agência AFP)