Ela pode ser um mal silencioso. Começa com uma falta de ar esporádica, em atividades pouco rotineiras, como uma corrida para alcançar o ônibus ou algum exercício mais extenuante. Aos poucos, lavar roupa, tomar banho ou subir um lance de escadas passam a ser tarefas dificílimas. No estágio final, o desconforto respiratório e o inchaço nos membros, devido à má circulação, incomodam mesmo quando o paciente está deitado no sofá. Segundo o primeiro Registro Brasileiro de Insuficiência Cardíaca (Breathe — Brazilian Registry of Acute Heart Failure, na sigla em inglês), publicado no ano passado, 50 mil pessoas morrem todos os anos por complicações da doença no país. Além disso, 100 mil novos diagnósticos são feitos anualmente.
“O nome, de uma certa forma, já revela. O problema ocorre quando o coração fica insuficiente para as necessidades do organismo”, explica o cardiologista Antônio Carlos Barretto, diretor do Serviço de Proteção e Reabilitação do Instituto do Coração do Hospital das Clínicas de São Paulo, da Faculdade de Medicina da USP. Ainda de acordo com o especialista, o coração mais fraco perde a capacidade de bombear o sangue corretamente, daí a falta de ar e o inchaço. No entanto, embora a doença seja uma importante causa de morte, seu surgimento é sempre consequência de uma condição preexistente. “Ela é a fase final comum das cardiopatias. Toda doença do coração vai progredindo e termina com o órgão cansado. No infarto, por exemplo, morre uma parte do tecido e o que restou precisa trabalhar mais para compensar, daí fica cansado. Na pressão alta, ocorre a mesma coisa”, continua Barretto. O próprio envelhecimento, segundo ele, pode ser uma causa para o problema.
Com diagnóstico precoce, no entanto, os médicos dizem que é possível retardar a evolução da doença e proporcionar uma vida normal ao paciente, com rotina de exercícios e dieta controlada, além do auxílio de medicamentos. Mas, sem esses cuidados, a enfermidade representa um importante risco. “A mortalidade é mais alta do que alguns tipos de câncer. Estatisticamente, sem tratamento, o mal tem uma taxa de 50% em um período de três a cinco anos. Mas, se cuidar, a pessoa melhora e vive bem. Claro que depende de cada paciente, mas tem gente que leva vida normal”, pondera o cardiologista.
Clique na imagem para ampliá-la e saiba mais - Foto: Valdo Virgo / CB / D.A Press