A palavra “rua” foi a mais citada entre as entrevistadas, que afirmam se sentirem oprimidas e inseguras no espaço público, com medo de saírem sozinhas a noite ou de usar determinadas roupas que possam gerar qualquer tipo de agressão. De acordo com a pesquisa, 90% já deixaram de fazer algo por medo da violência, “especificamente por serem mulheres”.
O objetivo da pesquisa, segundo a ONG, é tentar entender como é ser menina no Brasil, sob a visão do machismo e da violência, que ocorrem de forma corriqueira, desde a divisão das tarefas domésticas à relação que menino e menina estabelecem na sociedade.
A pesquisa mostra também que conceitos de certo e errado ainda são diferentes para garotos e garotas, principalmente quando se trata de um contexto afetivo e sexual. “São dois pesos, duas medidas. Se é um cara que faz algo, 'faz parte de sua natureza'; se é a mulher, é 'culpada'”, opina Gabriela Vallim, de 20 anos, de São Paulo. Assista ao vídeo:
Como solução, as participantes revelam que a educação deveria ser reformulada. “Além das disciplinas escolares, os alunos poderiam discutir sobre essas convenções. Se estudam matemática, português, história e geografia, por que não igualdade de gênero?”, questiona Dhéssica Souza, de 14 anos, do Pará.
Já para outras, as mulheres deveriam se unir e problematizar o machismo. “Se eu não questiono, reproduzo normalmente. São tantos papeis que temos de fazer para obedecer ao padrão imposto pela sociedade que acabamos nos oprimindo”, Jéssyca Liris, de 20 anos, do Rio de Janeiro.
De acordo com dados da pesquisa, 82% das mulheres já sofreram algum tipo de preconceito por serem do sexo feminino - 23% em casa, 39% na escola ou na faculdade e 14% no trabalho. A paulista Vanessa Oliveira, de 21 anos, conta que já tentou se candidatar a uma vaga de emprego para edição de vídeos, no entanto, foi vetada - apenas - por ser mulher. “Ele me disse que a vaga era somente para homens”, conta.