A oficial da agência das Nações Unidas questionou o nível de recursos destinados à educação no Paraguai, um dos fatores que aumentam a vulnerabilidade das meninas. "Enquanto outros países da região investem 7% e 8% do seu orçamento em educação, no Paraguai esse número não ultrapassa os 4%. É uma sequela da vulnerabilidade das crianças que estão em perigo constante", lamentou.
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A menina de 10 anos, grávida após o estupro de seu padrasto, está atualmente sob a proteção do hospital da Cruz Vermelha em Assunção e sob a supervisão de médicos, psicólogos e psiquiatras e sob observação do ministério da Saúde.
O padrasto, Gilberto Zarate Benitez, 42 anos, foi declarado foragido pela justiça e sua mãe está detida no presídio feminino, acusada de obstrução da investigação judicial por tentar esconder o parceiro.
A situação de abandono familiar tem gerado um intenso debate na sociedade paraguaia entre os partidários do aborto "pelo estupro" e os contrários à interrupção da gravidez - num país cuja Constituição proíbe o procedimento, salvo em casos de risco de vida para a mãe.
O ministro da Saúde, Antonio Barrios, se manifestou contra o aborto, primeiro pela proibição estabelecida pela Constituição e porque, em sua opinião, o procedimento seria "tecnicamente contraproducente, já que a gestação já ultrapassou 23 semanas".
A oficial da Unicef disse que o caso da menina grávida é o primeiro em muito tempo a levantar o debate sobre o aborto em um país onde a descriminalização da interrupção voluntária da gravidez é apenas um vislumbre de políticos de esquerda, profissionais e feministas.
A especialista revelou que cerca de 650 meninas com idades entre 10 e 14 deram à luz em 2014 e outras 20.000 jovens com idades compreendidas entre 15 e 19 enfrentaram gravidez no mesmo período.
Pelo episódio da menina grávida, o escritório local da Anistia Internacional lançou a campanha "#NiñaEnPeligro" ("#MeninaEmPerigo", na tradução livre) para advertir que não se pode forçar a criança a levar uma gravidez adiante.