A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) faz a campanha Quem se medica contra a hipertensão vive sem restrição para alertar para a importância de identificar a doença. Os números são preocupantes: a cada dois minutos, um brasileiro morre por causa de doenças cardiovasculares, 350 mil a cada ano. Apesar dos números, as pessoas ainda não dão a devida atenção.A hipertensão ou pressão alta é uma doença crônica que, depois de 10 e 15 anos, pode resultar em outras doenças, como hemorragia cerebral, acidente vascular cerebral (AVC), infarto, insuficiência renal e obstrução das artérias. “É uma doença silenciosa e traiçoeira. A hipertensão não tratada pode resultar em uma dessas catástrofes”, diz Thiago da Rocha.
Felizmente, é um quadro de fácil diagnóstico, que deve ser feito por um clínico ou cardiologista por meio da aferição. “Basta uma medida simples da pressão, que deve ser feita em qualquer consulta de rotina, ou até mesmo por aparelhos digitais, que são muito comuns na atualidade”, afirma o cardiologista Marcus Bolivar Malachias, professor da Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais e presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia. A aferição deve ser feita em um momento em que o paciente estiver tranquilo. “Quando a aferição é feita em um momento de estresse e irritação, a medida pode ficar momentaneamente elevada. É bom que antes a pessoa fique de repouso por pelo menos cinco minutos”, sugere Thiago da Rocha.
O problema pode surgir em qualquer época da vida, mas é mais comum entre 40 e 60 anos de idade. Não há diferença na prevalência entre homens e mulheres. O tratamento é feito por meio de medicamentos, mas também são indicadas redução no consumo de sal e a prática moderada de exercícios físicos. “Dispomos de muitos medicamentos para hipertensão. Temos diversas classes de remédios. O paciente pode não se adaptar a um, mas temos alternativas.”
Ao longo dos anos, os medicamentos passaram a ser mais tolerados, com menos efeitos colaterais, e são mais eficazes. Em cerca de 95% dos casos, a pressão alta tem causas genéticas. O sedentarismo, o alcoolismo e má alimentação podem potencializar o problema em pessoas que tenham predisposição genética. “Quando pai e mãe têm pressão alta, as chances são maiores. Mas não é 100% certo.” É indicado que a pessoa faça um checape para avaliar a pressão.
ALIMENTAÇÃO
A alimentação pode ser uma importante aliada no combate à hipertensão. Além da redução do consumo de sal, a ingestão de alguns nutrientes auxilia na redução de pressão arterial. A Organização Mundial da Saúde (OMS) indica o consumo de cinco gramas de sal por dia, mas estudo da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2014) demonstrou que os brasileiros consomem até 2,5 vezes mais, cerca de 13g diários. De acordo com o nutricionista Lupércio Farah, beterraba, melancia, alimentos verde-escuros, castanhas, nozes e chocolate amargo podem ajudar a reduzir a pressão. Ele também aconselha o consumo de uma taça de vinho ou de suco de uva integral como forma de combater a hipertensão. “Basta sermos criativos. Com o que temos à mão, podemos fazer boas saladas e sucos saborosos”, ensina.
Um estudo publicado no British Journal of Nutrition, em 2012, comparou o efeito de 100g de extrato de beterraba roxa e branca sobre a pressão arterial de pessoas normais. Os resultados mostraram que o nitrato, presente em abundancia na beterraba, foi responsável pela redução da pressão arterial de forma significativa, de 15 por 9 para 13 por 7. Outro estudo conduzido na Itália publicado no American Journal of Clinical Nutrition mostrou que o chocolate amargo reduziu a pressão arterial de 11 por 8 para 10 por 8.
Para combater o sódio, vilão da hipertensão, a dica é apostar no verde. A clorofila (pigmento verde encontrado nos vegetais) é uma das maiores fontes de magnésio que encontramos na natureza. Em níveis normais na corrente sanguínea, o magnésio ajuda na excreção do sódio, responsável por aumentar o volume de líquido nos vasos sanguíneos e, consequente, a pressão arterial. Conduzida por pesquisadores do Departamento de Medicina do Centro Médico Albert Einstein, na Philadelphia (EUA), o estudo demonstrou que a suplementação de magnésio, de três a 24 semanas, resultou na diminuição da pressão arterial.