Mestre em saúde coletiva pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FM/USP) e experiente como coordenadora de pesquisas de epidemiologia psiquiátrica na FM/USP, Cíntia enfatiza a importância de ser uma pessoa organizada. “A organização reduz o estresse, contribui positivamente para melhor aproveitamento do tempo, gera resultados positivos, bem-estar e qualidade de vida. A pessoa organizada não padece com a sensação de estar sempre 'apagando incêndio' ou sofrendo por não conseguir fazer as coisas como realmente queria, uma vez que não podemos negar o quanto a desorganização pode gerar uma sensação de fracasso, confusão, perda de oportunidades e ser ainda um comportamento malvisto pelas pessoas que convivem com o desorganizado.”
Cíntia explica que a organização é aprendida ou estimulada pelo meio em que a pessoa convive: familiares, escola, rede de amigos e ambiente profissional. “Se a criança for estimulada à organização, se forem mostradas a ela desde cedo as vantagens em ser organizada, ela terá grande chance de se tornar um adulto organizado. Porém, vale dizer que o desorganizado pode sim se tornar organizado. À medida que a pessoa tiver consciência de que a organização é um meio para atingir um fim, ela muda seu comportamento.”
A psicóloga lembra que ser organizado por si só pode ser um traço não muito atraente para se desenvolver. Mas, para aqueles que querem ser mais organizados, vale pensar nas seguintes questões e respondê-las sinceramente: O que estou perdendo sendo desorganizado? Qual o preço alto que estou pagando por ser assim? Que prejuízos minha desorganização pode causar em minha vida daqui a 10 anos? Isso é, o que posso perder com a minha desorganização em longo prazo? O que vou ganhar sendo mais organizado?
A psicóloga ensina que, de acordo com a neurociência, evitamos a dor e procuramos o prazer. Assim, se você mostrar para o seu cérebro o quanto está perdendo ou ainda pode perder sendo desorganizado, e o que você pode ganhar mudando o comportamento, tudo ficará mais fácil na hora de desenvolver a habilidade da organização. Cíntia enfatiza que, claro, treino é tudo nessa hora. “Nada como dar passos, ainda que pequenos, em direção à mudança. No dia a dia, procure ser mais organizado em tarefas simples, como usar uma agenda, ter horário para acordar, dormir, estabelecer pequenas metas ao dia. Você pode se motivar ao perceber os resultados positivos de pequenas mudanças no dia a dia.”
EXCESSO
Cíntia conta que há pessoas que são organizadas apenas no trabalho ou em situações que envolvem outras pessoas diretamente. Por valorizarem demais o aspecto profissional ou temerem ser avaliadas de forma negativa, elas se esforçam e são organizadas nesses contextos. Mas, na vida pessoal, quando não têm que prestar contas para ninguém e não estão sendo avaliadas, como acontece no trabalho, deixam de lado a organização e vivem se atropelando com seus compromissos e responsabilidades. Agora, aquele que é organizado na vida pessoal tem forte tendência de ser naturalmente organizado em qualquer contexto, inclusive ambientes profissionais. O interessante e mais saudável é ser organizado, tendo a clara consciência de que a organização trará benefícios, antes de tudo, para você. Diferentemente de gente que é organizada para agradar os outros. O olhar para dentro é tudo nessa hora. “Até porque é você que tem benefícios ou prejuízos sendo do jeito que é.”
Cíntia alerta, porém, que ser organizada demais tem um lado ruim. “Tudo que é de mais ou de menos faz mal. O caminho do meio é sempre mais saudável. A pessoa muito organizada também pode ser vista como chata, certinha demais e até mesmo inflexível. A organização ao extremo pode ser vista como rigidez, e isso não é nada legal em alguns contextos.”
DICAS
1) Não tenha medo de pedir ajuda
2) Divida suas tarefas
3) Aprenda a falar não
4) Motive-se
5) Descanse
SAIBA DISTINGUIR
- Atividade urgente
» Aquela que você não pode deixar de executar, como entregar um relatório, ir ao médico, levar o carro na oficina, entre outras
- Atividade importante
» Tudo o que tem prazo e traz resultados. Por exemplo, pagamento de uma conta, estudar para uma prova, abastecer a geladeira e o armário
- Atividade circunstancial
» O que é excessivo ou não traz resultado nenhum nos dá a sensação de perda de tempo. Como horas exageradas nas redes sociais, na frente da televisão ou mesmo dormir além da conta
Fonte: Cíntia Seabra, psicóloga e coach