A mania de tirar fotos para postar no Facebook virou letra de música, mas por trás desse hábito, aparentemente inofensivo, pode haver um problema de autoestima. As selfies se tornaram parte da rotina de muita gente. Se antes era uma prática de adolescentes, o autorretrato conquista mais e mais adeptos de todas as idades. A mania também virou febre entre os famosos. Não há como negar que é algo que seduz. “De tempos em tempos, surgem novidades que causam angústia nas pessoas. Às vezes, são modas lançadas por celebridades, alguns estereótipos na TV. Agora é a selfie, a internet que contribui para o aumento da cirurgia plástica”, afirma Ruben Penteado, cirurgião plástico e diretor do Centro de Medicina Integrada.
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ARTIMANHAS Os especialistas alertam, porém, que as selfies não são a melhor maneira para as pessoas se avaliarem. “São fotos feitas a um braço de distância, no máximo dois com ajuda do pau de selfie, com o celular torto, luz inadequada. Às vezes, a mão treme. A pessoa não pode esperar que seja uma foto de grande qualidade”, afirma Penteado.
No consultório da dermatologista Eveliny Bartels, muitas pacientes levam as fotos quando procuram a orientação da médica. “Filmam e fotografam. Guardam no rolo da câmera para me mostrar o que não gostam.” Entre as pacientes, a especialista atende também muitas blogueiras que já lhe confessaram o uso de artimanhas dos editores de imagem para aparecerem melhor na rede mundial dos computadores. As principais queixas são com olheiras, flacidez no rosto, rugas, linhas de expressão e imperfeições no nariz. Para Eveliny, a luz pode, por exemplo, acentuar ou até criar um olheira que não existe. “As câmeras têm resolução muito boa.
Na maioria das vezes que a pessoa busca o cirurgião plástico, o problema pode ser resolvido com medidas menos drásticas, como o corte de cabelo, perda de peso ou um tratamento cosmético. No entanto, Penteado lembra que o que pode não ser problema para alguém pode incomodar a pessoa a ponto de ser necessário fazer a intervenção cirúrgica. Cada caso é um caso. O melhor é buscar a orientação de especialistas, que possam orientá-lo sobre a real necessidade da mudança. “O profissional tem que saber quais são os limites. Tem que ter discernimento para dizer não em algumas situações”, reforça Penteado.
A imagem produzida pelas selfies não pode ser encarada como um espelho, na avaliação do cirurgião plástico Ronan Horta, do Hospital Mater Dei. O especialista lembra que as lentes de celulares deformam a imagem.
PESQUISA A Academia Americana de Plástica Facial e Cirurgia Reconstrutiva demonstrou que a ascensão das selfies teve enorme impacto sobre a indústria da cirurgia plástica facial. Realizada com 2,7 mil médicos, a pesquisa mostrou as últimas tendências em plástica facial. Um em cada três cirurgiões plásticos faciais constatou aumento dos pedidos de procedimentos em função de os pacientes desejarem uma melhor aparência para postar fotos nas mídias sociais. O aumento do compartilhamento e a insatisfação dos pacientes com a própria aparência nas mídias sociais foi verificado por 13% dos médicos.
Os cirurgiões plásticos afiliados à entidade observaram aumento de 10% no número de rinoplastias em 2013, em comparação com 2012, assim como avanço de 7% dos transplantes capilares e alta de 6% nas cirurgias de pálpebras. As mulheres continuam liderando o número para a cirurgia plástica facial e foram responsáveis por 81% de todos os procedimentos cirúrgicos e não cirúrgicos em 2013, nos Estados Unidos..