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A ideia de estimular o couro cabeludo a partir da retirada de fios vem sendo amadurecida em estudos anteriores da equipe. “O professor e dermatologista Chih-Chiang Chen determinou que a lesão no folículo também afeta seu ambiente adjacente. Pensamos que, talvez, poderíamos usar essa informação como um recurso para ativar mais folículos”, explica ao Correio Cheng-Ming Chuong.
A partir dessa observação, os investigadores pensaram em agir sobre o ambiente de cabelo para ativar um maior número de folículos — a cavidade em que os pelos crescem. Arrancaram 200 fios, um por um, em áreas de tamanhos distintos e espalhadas pelas costas das cobaias. Pelos arrancados de partes pouco densas não tiveram uma resposta de crescimento positiva. Mas a retirada em locais mais extensos, em que muitos filamentos cresciam, fez com que aumentasse a quantidade de pelos consideravelmente. Os crescimentos variaram de 450 a 1.300 fios.
Por análises moleculares, os cientistas concluíram que os folículos “emitem sinais de socorro”, liberando proteínas inflamatórias que recrutam células do sistema imunológico para o local da lesão. Chuong explica que os folículos têm células-tronco do cabelo, que secretam moléculas sinalizadoras, como o fator de necrose tumoral alfa TNF-alfa). Em determinada concentração, o TNF-alfa comunica aos folículos retirados que é hora de mais cabelo crescer.
Efeitos combinados
O dermatologista Ricardo Fenelon observa que os pesquisadores falam do fator de necrose tumoral como um dos responsáveis por essa resposta, mas não sabem definir ao certo se isso aconteceria realmente pela sua ação e pelas células-tronco. “É algo que precisa ser mais estudado, porém é uma área promissora”, avalia. “Saber da ação dessas células pode ajudar a fazer com que as medicações entrem mais facilmente no couro cabeludo e atuem melhor”, complementa.
Membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), Carolina Marçon explica que, toda vez que se cria uma ferida, o sistema imunológico emite uma reação. No caso do cabelo, isso é feito por meio dessas substâncias inflamatórias. “Quem sabe com o uso de moléculas como essas tenhamos a base para outros tratamentos da calvície em humanos?”, cogita. A descoberta de mecanismos moleculares para o combate da queda de cabelo ainda pode, segundo ela, reduzir os efeitos colaterais dos tratamentos disponíveis, como impotência e perda da libido.
Os cientistas ainda não têm total certeza de que a teoria levantada no estudo para justificar o crescimento de pelos nos ratos esteja correta e possa ser aplicada em humanos. De qualquer forma, sabem que precisam pensar em novas estratégias para deflagrar o mecanismo celular. “Não é muito prático arrancar cabelos humanos. Estamos trabalhando para descobrir mais sinais de moléculas relacionadas a esse comportamento. Esperançosamente, nós podemos apenas aplicar essas substâncias para ajudar a tratar a calvície em pessoas”, aposta Chuong.
Tentativa japonesa
Em abril de 2012, uma equipe da Universidade de Ciências de Tóquio divulgou na revista Nature Communications uma estratégia com células-tronco para curar a calvície. Usando células-tronco retiradas da pele humana, os cientistas desenvolveram, em laboratório, folículos pilosos que foram transplantados em nervos e tecidos das costas de um rato careca. Três semanas depois, 74% desses folículos implantados geraram fios de cabelo. Os pesquisadores também conseguiram modificar a densidade e a cor do cabelo, alterando o tipo de célula implantada no folículo piloso. Na época, disseram que levaria pelo menos uma década para que a técnica começasse a ser realizada em humanos.