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A abordagem é feita, como instrumento de pesquisa, em laboratórios da Universidade Federal Fluminense (UFF) – da qual Nóbrega é professor – e do Instituto do Coração (Incor), em São Paulo. “É uma forma de estimarmos como o coração de uma pessoa reage em situações de estresse no dia a dia”, disse Nóbrega à Agência Brasil.
Segundo ele, existe ampla literatura médica correlacionando eventos cardíacos, como infarto agudo do miocárdio, arritmias cardíacas ou acidente vascular encefálico, durante situações de estresse mental. Também existe relação entre a resposta exagerada do coração a uma situação de estresse, como indicador de risco futuro para desenvolver problemas cardíacos, como, por exemplo, hipertensão arterial.
O teste, disse Nóbrega, permite que o cardiologista possa tomar medidas preventivas mais intensas para a pessoa que apresenta risco aumentado de desenvolver hipertensão no futuro. Ele defende a necessidade de o teste ser divulgado e incorporado aos serviços de saúde brasileiros, incluindo o Sistema Único de Saúde (SUS), para que possa atingir todas as camadas da população.
De acordo com o professor da UFF, o teste ergométrico ou de esforço, praticado comumente no país, é útil para uma série de indicações, “mas ele tem menos especificidade quando a queixa do paciente é para um problema que ocorre durante situações de estresse psicológico, mental ou de conflito. Para uma pessoa que tem algum tipo de problema enquanto caminha, sobe uma escada, faz um esforço físico, o teste ergométrico é ideal para essa avaliação. Mas quando a pessoa tem sintomas durante uma situação de conflito psicológico no trabalho ou em família, existe esse teste específico de reatividade ao estresse mental. O teste de esforço tem menos poder de detecção do problema”, indicou.
Pesquisa publicada no ano passado, no Journal of the American Heart Association, mostra que entre indivíduos que têm depressão, os que reagem ao estresse mental de maneira exagerada têm maior risco de desenvolver infarto agudo do miocárdio. “São pessoas que merecem atenção diferenciada”. As doenças cardiovasculares são consideradas, hoje, a principal causa de morte natural no Brasil, com destaque para acidente vascular encefálico e infarto agudo do miocárdio.
O 32º Congresso de Cardiologia reunirá cerca de 2,5 mil congressistas e sediará pela primeira vez, no próximo sábado (18), o simpósio da Sociedade Europeia de Cardiologia, que trará ao Brasil alguns dos principais especialistas mundiais em cardiologia.