As pesquisas começaram em 2008, quando o Hospital Rainha Elizabeth, em Malawi, na África, recebeu um aparelho de ressonância magnética. Desde então, a autora principal do trabalho, Terrie Taylor, passa seis meses por ano debruçada no tratamento e no estudo de crianças com malária. Ela e outros pesquisadores, incluindo Colleen Hammond e Matt Latourette, no Departamento de Radiologia da Universidade Estadual de Michigan, usaram o equipamento para ver as imagens do cérebro de centenas de meninos e meninas vítimas da malária cerebral, comparando os dados com os de pessoas que morreram e que sobreviveram à enfermidade parasitária.
Assim, chegaram à descoberta inovadora. “Como sabemos agora que o inchaço do cérebro é o que causa a morte, podemos trabalhar para encontrar novos tratamentos”, diz Taylor. Segundo ela, o próximo passo é identificar o que está provocando o inchaço e, em seguida, desenvolver tratamentos que mirem nessas causas. “Também é possível o uso de ventiladores para manter as crianças respirando até que o inchaço diminua, podendo salvar vidas. Mas os ventiladores são poucos e distantes entre si na África”, pondera.
Foco na África
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), foram registrados, em 2013, no mundo, 198 milhões de casos de malária e 584 mil mortes — respectivamente 4,3% e 6,9% a menos que em 2012. Noventa por cento dos óbitos, porém, ocorreram na África, sendo que as crianças com menos de 5 anos representam 78% dessas vítimas.
Levando em conta um período maior de análise, de 2000 a 2013, a taxa de mortalidade relacionada à doença parasitária diminuiu 47% em todo o mundo e 54% no continente africano. No Brasil, também de acordo com a OMS, a redução no número de infectados nesses 13 anos foi de 75%. Em 2013, houve o registro de 177.767 casos no país, a maioria na região amazônica, que provocou a morte de 41 pessoas.
Taylor pondera que, mesmo com o aumento dos esforços contra a doença ter surtido efeito, o número total de vítimas no planeta ainda é muito alto. “É angustiante quando crianças morrem, mas o que nos faz continuar é que estamos fazendo progressos. Tem sido uma pedreira indescritível, mas eu acho que nós temos (a doença) encurralada.”
Mais letal
Geralmente provocado pelo Plasmodium falciparum, é o tipo mais grave da doença, responsável por cerca de 80% das mortes. Os sintomas surgem de nove a 30 dias após a infecção e englobam complicações neurológicas (coma, convulsões, perturbações sensoriais e desorientação, por exemplo), febre, rigidez da nuca, vômitos e sonolência.