Com uma rápida busca na internet, a reportagem chegou a uma indústria de produtos químicos de Guarulhos, na Grande São Paulo, na qual é possível negociar até 60 litros do produto. Por telefone, a vendedora ofereceu o produto. Identificada apenas como Rosângela, ela reconheceu que a venda é ilegal, mas garantiu emissão de nota fiscal.
Celso Martins é proprietário de uma indústria de cosméticos em São Paulo e, há dez anos, iniciou uma campanha contra o uso do formol. Ele diz ter sofrido diversas ameaças. "O mercado negro do formol é conhecido por todos. É escancarado e eu acredito que jamais terá fim", disse o empresário.
Ele explica que o uso do formol nos centros de beleza acontece por vários motivos, mas os principais seriam o fator estético e a fácil aplicação. Segundo Martins, o produto cria uma capa no fio, proporcionando uma beleza superficial e escondendo a real situação do cabelo.
Vítimas
A presidente do Sindicato dos Cabeleireiros de São Paulo, Maria dos Anjos Mesquita, conta que o afastamento de profissionais do setor em decorrência do uso de formol, infelizmente, é comum. Os casos apontados vão de questões respiratórias a doenças crônicas.
Maria dos Anjos alerta para o perigo de substâncias tão ou mais danosas quanto o formol, que chegaram para substituí-lo, como o ácido glioxílico. "Enquanto a sociedade ainda discute o formol, nós assistimos passivamente à chegada ao mercado de produtos tão ou mais nocivos do que ele."
Procuradas pela reportagem, a Anvisa e a Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa), da Prefeitura de São Paulo, não se manifestaram.
Câncer
A exposição prolongada ao formol pode causar desde feridas na boca e narina a doenças mais graves, como câncer de faringe, laringe, traqueia e brônquios. O alerta é da médica e representante da Sociedade Brasileira de Dermatologia Prisicila Kakizaki. Para ela, "é impossível fazer qualquer mudança naquilo que é natural, sem sofrer uma agressão".
Especialistas destacam que o odor da substância é muito forte e característico.