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Para Coelho, pesquisas realizadas até agora com o produto tiveram resultados promissores. Foram realizados ensaios de fase II, que analisam, principalmente, a segurança e a capacidade de a vacina produzir anticorpos. Mas, completa, estudos que avaliam a eficácia ainda estão sendo planejados. "Enquanto não tivermos os resultados, não é possível emitir qualquer opinião sobre seu uso", avalia. Pelo cronograma inicial, a vacina - que prevê aplicação de uma dose - deveria entrar no mercado a partir de 2018.
A vacina em desenvolvimento no Instituto Butantã, em parceria com National Institutes of Health (NIHEl) dos Estados Unidos, não é a única que está em fase de pesquisa. A farmacêutica francesa Sanofi também realiza testes de um imunizante contra a dengue. A previsão é a de que o produto, que está em fase mais avançada de desenvolvimento, entre no mercado no próximo ano.
Giovanini, no entanto, avalia que este imunizante, embora possa ser uma arma importante, não resolverá sozinho o problema de epidemias provocadas pela doença. "A proteção oferecida não ultrapassa 60%. Para um dos subtipos do vírus da dengue, é de 40%", observou o coordenador.
O fato de a vacina ser aplicada em três doses, por sua vez, impede que ela tenha uma eficácia para conter uma epidemia em curso, como a que vivemos no Brasil. "Ela deve ser usada como alternativa a médio e longo prazo", completa. O coordenador avalia que o controle da dengue somente pode ser feito de forma efetiva com o uso simultâneo de diversos recursos. "A capacidade de transmissão do vírus é explosiva. A experiência mostra que, para resolver um problema complexo como esse, é preciso usar estratégias variadas."
Dados do Levantamento de Infestação por Aedes aegypti mostram que a maior parte de criadouros do mosquito transmissor da dengue nas regiões Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul foi encontrada em lixo e recipientes usados para abastecimento de água. Somente no Sudeste, a maior parte dos focos do mosquito foi encontrada em depósitos domiciliares, como vasos de plantas e calhas.
O coordenador reconhece que os números indicam que a presença dos focos, em parte, está associada também a deficiências de serviços públicos, como a coleta regular de lixo e o abastecimento de água. "O País tem problemas estruturais. Em Recife, ainda há regiões sem abastecimento. Daí afirmarmos que o problema é intersetorial", diz o coordenador.
Mas ele completa que, mesmo se esses problemas fossem rapidamente solucionados, o problema ainda estaria presente. Ele cita como exemplo Cingapura. "A cidade tem alto índice de desenvolvimento humano, um sistema de abastecimento e de lixo adequado e, mesmo assim, conviveu com altos índices da infecção" disse. "Outros fatores também são relevantes: hábitos da população, condições climáticas. Tudo tem de ser levado em conta."
Ele reforça que atuação da população para adotar medidas de prevenção também é muito importante. "As medidas de prevenção devem ser adotadas por todos, seja moradores, seja administração pública."