As novas estatísticas indicam, ainda, que as mulheres obesas têm uma chance em quatro de desenvolver tumores ligados ao sobrepeso. Em um grupo de mil obesas, 274 foram diagnosticadas alguma vez na vida com um câncer ligado ao sobrepeso. Em um grupo com peso considerado saudável, 194 desenvolveram algum câncer.
De acordo com os autores do estudo, os resultados não deixam dúvidas sobre a relação entre câncer e obesidade em mulheres. Eles advertem, no entanto, que as estatísticas valem para o Reino Unido - onde foi conduzida a pesquisa - e não podem ser extrapoladas para outros países. No Reino Unido, um quarto das mulheres é obesa. Anualmente, no País, 18 mil mulheres desenvolvem tumores como resultado do sobrepeso, segundo o estudo.
No Brasil, de acordo com um levantamento feito pelo Ministério da Saúde em 2014, 47,4% das mulheres estão acima do peso considerado saudável. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), uma parte importante dos casos de câncer poderia ser evitada no Brasil com o controle da obesidade, que é responsável por 14% dos casos de câncer de mama.
Estrogênio
Uma das autoras do estudo britânico, a médica Julie Sharp, afirmou que há diferentes maneiras pelas quais a obesidade pode aumentar o risco de câncer - e há possibilidade de que a doença esteja ligada à produção de hormônios pelas células de gordura, em especial o estrogênio. Acredita-se que esse hormônio funcione como "combustível" para o desenvolvimento dos tumores. "As células de gordura são ativas e aumentam os níveis de certos hormônios e compostos químicos - especialmente os hormônios sexuais - que circulam no nosso corpo. Isso pode levar ao desenvolvimento de tumores como o câncer de mama", disse Sharp.
Segundo a cientista, a parte do corpo onde se tem o excesso de peso é também um fator relevante. "A gordura em torno do estômago parece aumentar os riscos de câncer mais que o peso nos quadris, por exemplo. Isso pode estar ligado à proximidade das células de gordura ativas em relação a órgãos como os rins e intestinos", afirmou.