O Dia Mundial da Incontinência Urinária comemorado neste sábado (14/03) alerta para o problema que atinge 35% das mulheres após a menopausa e quase de 5% dos homens submetidos à cirurgia para retirada da próstata. Estimativas também mostram que as grávidas podem ser vítimas da perda involuntária de urina na gestação e logo após o parto. O recado da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) é simples: é uma doença, não é normal em nenhuma idade e tem tratamento.
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E é justamente o consenso de que a incontinência urinária está relacionada exclusivamente com o envelhecimento que, em muitos casos, por vergonha, pacientes não procuram ajuda. Esse comportamento atrasa o diagnóstico das disfunções do trato urinário e agrava o quadro. No caso específico dos idosos, o que acontece geralmente são alterações na bexiga, seja pelo envelhecimento do esfíncter ou por microcontrações do órgão.
A consequência imediata da doença é o prejuízo do convívio social. As causas são diversas - genéticas, hormonais, envelhecimento, tabagismo, bexiga hiperativa (aumento da frequência que a pessoa precisa urinar de forma urgente), lesões medulares, doenças do sistema nervoso – e existem três tipos de incontinência urinária:
- a de esforço: quando há perda de urina ao tossir, rir, fazer exercício
- a de urgência: ocorre quando há súbita vontade de urinar e a pessoa não consegue chegar a tempo ao banheiro.
- a mista: associação dos dois tipos anteriores.
Prevenção
A melhor forma de prevenir a doença são os exercícios para o fortalecimento da musculatura do assoalho pélvico, importantes para o controle da micção. A atividade é simples: contraia os músculos do períneo por 10 segundos e relaxe por outros 10. Repita a série dez vezes pelo menos três vezes ao dia.
Atividade física, alimentação equilibrada para o controle do ganho de peso e não fumar são exemplos de hábitos saudáveis que também ajudam a prevenir o problema.
Tratamento
Chefe do Departamento de Urologia Feminina da SBU, Márcio Averbeck afirma que mais da metade dos casos de incontinência urinária é de esforço. Para essa situação, o tratamento consiste em exercícios para o assoalho pélvico, medicamentos ou cirurgia como a neuromodulação sacral, técnica que utiliza um aparelho semelhante a um marca-passo para estimular os nervos que proporcionam o controle da bexiga. Desde 2014 essa abordagem terapêutica já é oferecida pelos planos de saúde.
“A primeira opção de tratamento é o exercício acompanhado por um médico ou fisioterapeuta para conscientização do músculo que precisa ser contraído. Em muitos casos, o exercício já resolve o problema. Por isso, é necessário consultar um especialista”, afirma Averbeck.
O esfíncter artificial é usado para casos de incontinência urinária após a cirurgia da próstata e o tratamento também já é oferecido pelos planos de saúde. Quando bem indicadas, as abordagens têm impacto positivo sobre a melhoria da qualidade de vida dos pacientes.
Bexiga hiperativa
A bexiga hiperativa – uma das causas da incontinência urinária - tem como principal sintoma o aumento no número de vezes que a pessoa precisa urinar de forma urgente, podendo perder urina ou não. Geralmente, essa vontade é superior a oito vezes em 24 horas. Estima-se que 18% da população adulta no Brasil sofram com o problema.
Apesar de ser mais comum em idosos, a bexiga hiperativa atinge pessoas de todas os sexos e idades, inclusive crianças, e deve ser tratada em qualquer caso, pois o quadro pode evoluir e causar infecções sérias no trato urinário e interferir na função renal.
“Um paciente com bexiga hiperativa não tem boas noites de sono porque precisa acordar várias vezes durante a noite para ir ao banheiro, tem diminuição do desejo sexual porque doenças urinárias causam vergonha, não consegue viajar porque precisa de várias paradas no meio do trajeto e além de tudo, muitas vezes deixam o emprego porque sua rotina é interrompida a todo momento e seu deslocamento até o trabalho se torna inviável. A junção de todos esses fatores causa um impacto emocional muito forte, levando muitos pacientes à depressão”, explica o doutor em urologia pela UNIFESP e chefe do Setor de Urologia Fleury Medicina e Saúde, José Carlos Truzzi, Doutor em Urologia.
A toxina botulínica é uma das alternativas de tratamento para casos de bexiga hiperativa e consiste na injeção localizada e seletiva que produz um bloqueio muscular específico, impede a contração involuntária da bexiga e, consequentemente, a perda de urina.
Quando procurar um urologista
- Conte quantas vezes por dia você vai ao banheiro. Se, em 24 horas, você for mais de oito vezes e não estiver tomando diurético nem consumindo alimentos com poder diurético, fique atento.
- Se, frequentemente, você acorda durante a noite para urinar, pare de tomar água duas horas antes de dormir. Caso esse fato persista, procure um urologista. Seu sono não precisa ser interrompido.
- Preste atenção se você sente urgência repentina de urinar.
- Repare se sua ansiedade e necessidade urgente de chegar até o banheiro aumentou.
- Observe se, durante viagens, você fica muito ansioso para encontrar um local com banheiro.
- Caso você tenha escape de urina, independentemente de apresentar os sintomas descritos nos tópicos anteriores.
No Dia Mundial da Incontinência Urinária será lançado o portal www.controleurinario.com.br, ferramenta de pesquisa sobre a incontinência urinária que, além de informações sobre causas, tratamentos, sintomas e conseqüências, também terá vídeos com depoimentos de pacientes.