Arquiteto, escritor e coordenador da campanha “Vamos plantar um milhão de árvores”, iniciativa que começou em 2007, Carlos Solano está com novo livro no mercado em parceria com a amiga e paisagista paulista Sandra Siciliano. Nossas árvores – O resgate do sagrado. Significados, usos terapêuticos, poesias, lendas, informações, curiosidades, cuidados chega com a missão de levar aos leitores três níveis de informação. Ele conta que na primeira parte há um glossário de A a Z das árvores mais conhecidas com a função terapêutica e o sentido cultural e religioso. A segunda é uma coletânea de lendas e histórias com origem no conhecimento de indígenas e de vários povos. E a terceira, chamada de “plantar, amar e cuidar”, é quando os autores ensinam a plantar, a atrair pássaros e borboletas, cultivar árvores em vasos, falar das espécies que vivem bem em apartamento, e muito mais. “Esse projeto nasceu do nosso encontro e é fruto de pesquisas de uma vida”, ressalta Solano.
Ele explica que o livro é leve, nada técnico e com informação para o grande público. “A ideia é que as pessoas voltem a amar as árvores. Só amamos o que conhecemos.” Aliás, Carlos Solano ressalta que a campanha para plantar um milhão de árvores está quase chegando a dois milhões. “Todo ano, temos um evento para falar sobre elas. Este ano, o livro é o marco e parte da renda será revertida para a campanha que, ainda mais ousada, passa a ter como meta plantar 190 milhões de árvores, uma para cada brasileiro. Mas nesta nova etapa vamos precisar de patrocínio, já que até agora é engajada por apoiadores e amigos.”
Quanto ao poder terapêutico, Carlos Solano destacou as mais conhecidas, mas há outras espécies valiosas. A andiroba, por exemplo, é conhecida como remédio para diabetes e reumatismo, bálsamo para luxações e ainda usada para sabonetes medicinais. O açaí, açaizeiro ou açaí-do-pará é um superalimento, combate o colesterol ruim e os radicais livres, melhora a circulação do sangue, é rico em fibras e ajuda o intestino. O cajueiro, árvore símbolo de Aracaju, Sergipe, tem muitos benefícios. O núcleo da castanha de caju é rico em proteínas, carboidratos, fósforo, ferro e é possível extrair um óleo para ser usado no lugar do azeite de oliva. O fruto é nutritivo, imensa fonte de vitamina C (perde apenas para a acerola) e ajuda muito nos casos de diarreia. O chá da casca da árvore e das folhas novas é usado contra hemorragias, além de inflamação da garganta. Para novas descobertas, vale mergulhar nesse universo.
SAÚDE VERDE
Pata-de-vaca
» Muito usada nas ruas da cidade pela beleza das flores abundantes, a folha desta árvore lembra um coração. Curioso é que essa planta é usada para tratar o diabetes que, segundo uma linha de terapia corporal, é a doença de quem não se ama, ou de quem não se dá o doce da vida. O recado está na folha...
Abacateiro
» O nome original da fruta no idioma asteca, ahuacatl, significa “testículo” porque se parece. Coincidência? Para os homens, ela é um excelente preventivo das doenças da próstata. “Afrodisíaco” para os espanhóis, “presente dos deuses” para os índios astecas, “fortificante” para a realeza britânica, no interior de Minas as folhas secas do abacateiro são usadas em compressas quentes para aplacar as incômodas dores de cabeça.
Paineira
» Também chamada de Barriguda, por causa do formato do tronco. Diz a lenda brasileira que a Sagrada Família, em fuga para o Egito, passou pelo Brasil. Na aflição, Maria rogou aos céus por ajuda e a “barriga” dessa árvore se abriu, acolheu e escondeu a família enquanto os soldados passaram. Desde então, ela foi abençoada com as qualidades de conforto e proteção maternal.
Mangueira
» “Uma manga na mão, brota a criança no coração!”, diz o ditado. Na sabedoria dos benzedeiros, o amarelo da fruta fala de ânimo, sol e energia e para quem está cansado, o tratamento é encostar-se no tronco da mangueira. Para o candomblé, a manga-espada traduz a doce presença de Iemanjá, a Rainha das Águas.
Ipê-amarelo
» Essa não pode faltar na nossa lista, pois é a flor-símbolo do nosso país desde 1961. Para os Florais de Minas, a essência das flores dessa árvore nos vitaliza e mobiliza forças internas de cura, podendo ajudar contra sofrimentos e angústias. Para dona Diva Benzedeira, “quando estiver adoentado ou entristecido, feche os olhos e imagine um ipê-amarelo bem florido. Faça isso até melhorar”.
Sibipiruna
» Elegante e bonita, é muito usada para arborizar as ruas, pois faz uma boa sombra e tem uma lindíssima floração amarela. Quando adulta, transpira 400 litros de água por dia, mais do que o dobro do consumo diário de uma pessoa comum. Nesses tempos de falta de água e de aquecimento global, essa árvore é especialmente bem-vinda.
Sumaúma
» Um dos gigantes da Amazônia, tem a altura de um prédio de 20 andares. O tronco adulto, tão largo que só 10 homens de mãos dadas conseguem abraçar, guarda uma quantidade imensa de água que, em época de seca, estronda e irriga o entorno, matando a sede das plantas, dos bichos e do povo da floresta. Impressionante: uma árvore mais compassiva e consciente do que muitos seres humanos.