A professora do espaço Ponto de Equilíbrio Patrícia Katahira explica que as posturas são adaptadas para respeitar a condição de cada aluno. Os que não podem sentar no chão usam uma cadeira, e aqueles com problema de coluna, impedidos de realizar uma torção, por exemplo, fazem outros movimentos que possam oferecer os mesmos benefícios. “Tenho um cuidado a mais com os joelhos na hora de trabalhar as pernas e deixo que eles utilizem o apoio de uma cadeira nas posturas em pé para que não se desequilibrem. Fazemos de tudo para não haver imprevistos”, acrescenta. A série de exercícios da aula de ioga trabalha o fortalecimento e alongamento dos músculos, que enrijecem com a idade, e melhora o equilíbrio.
A hipertensão é uma das doenças que podem ser controladas com a ajuda da ioga. O ganho é obtido quando se amplia a respiração, que vai ficando cada vez mais curta ao longo do tempo. “Consigo trabalhar uma respiração mais profunda e lenta em um momento de meditação, com olhos fechados, para baixar pressão. Isso é comprovado cientificamente”, destaca Patrícia. Algumas posturas são indicadas para ativar o funcionamento do pâncreas, o que beneficia idosos com diabetes. Para quem sofre com artrite e artrose, a professora inclui na aula movimentos para melhorar a flexibilidade das articulações e até amenizar as dores. A técnica ainda trabalha a postura, ensinando a forma correta de caminhar, além de aumentar a tranquilidade, diminuir a ansiedade, melhorar a circulação sanguínea, ativar a memória e reduzir tensões musculares com o relaxamento.
RESULTADOS
Segundo Patrícia, a ioga integra corpo, mente e espírito, por isso os benefícios não se restringem ao físico. “O momento da prática serve para o aluno se conhecer melhor. Ele se desliga do mundo externo para observar suas reações, sua respiração, seus pensamentos”, pontua. A professora lembra, no entanto, que o resultado leva tempo, já que o processo de desenvolvimento interno é demorado. Nem sempre na primeira aula o aluno vai perceber os ganhos, mas ele sempre deve observar como se sente depois da prática.
A atividade física cumpre um papel importante na vida do idoso. “Dentro do processo natural de envelhecimento, é esperado que haja uma diminuição da força muscular, as articulações tendem a ficar mais rígidas, a circulação fica mais difícil, então os exercícios entram para minimizar uma série de modificações no corpo”, alerta a gerontóloga Rita de Cássia Guedes, conselheira da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – seção Minas Gerais (SBGG-MG). Por melhorar força, flexibilidade e equilíbrio, a ioga pode até prevenir quedas, muito comuns nessa fase da vida. Além disso, promove o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico, que, com o tempo, se enfraquecem e contribuem para aumentar o risco de incontinência urinária.
Como não trabalha apenas o corpo, a ioga pode afastar a depressão. Rita lembra que o relaxamento e a meditação ajudam na aceitação das mudanças do corpo e da vida. “Com essas técnicas, é possível aumentar a produção de neurotransmissores, substâncias que trazem sensação de bem-estar. Elas ainda melhoram o sono e diminuem a ansiedade”, informa. As aulas também colaboram para minimizar um outro problema comum na terceira idade, que é o isolamento. “Os idosos passam muito tempo em casa, muitas vezes são viúvos e sofrem com a perda das pessoas queridas. Fazer novas amizades é extremamente enriquecedor.” A gerontóloga reforça que a qualidade de vida tende a melhorar com a prática orientada de atividade física.