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A substância desenvolvida é fruto de vários anos de pesquisa realizada principalmente pelo Scripps Research Institute, um centro de pesquisa sem fins lucrativos com sede na Flórida e financiado pelo instituto público de pesquisa americano especializado em doenças infecciosas NIAID. Este composto denominado eCD4-Ig oferece uma "proteção muito, muito forte" contra o HIV, explicou Farzan, com base em um experimento realizado com macacos e apresentado na revista científica britânica Nature.
O teste realizado com macacos mostrou que a substância, injetada apenas uma vez, era capaz de proteger durante ao menos oito meses do equivalente da Aids para os macacos.
Para garantir o efeito prolongado, o eCD4-Ig foi associado a um vírus de tipo adeno-associado (AAV), inofensivo mas capaz de introduzir-se nas células e fazer com que produzam indefinidamente a proteína protetora capaz de criar um efeito anti-Aids de longa duração.
Após o tratamento com o coquetel, os macacos foram submetidos a doses da versão símia da Aids (SHIV-AD8). Nenhum animal desenvolveu a infecção, ao contrário dos macacos não tratados com eCD4-Ig e utilizados como 'grupo de controle'.
Novos testes necessários
Os resultados publicados nesta quarta-feira na Nature mostram uma proteção eficaz durante pelo menos 34 semanas, ainda na presença de doses de SHIV quatro vezes superiores às que foram suficientes para infectar os macacos do 'grupo de controle'.
O experimento será apresentado durante uma grande conferência anual em Seattle (Estados Unidos) na próxima semana. "Demonstraremos que estes macacos continuam protegidos contra doses de 8 a 16 vezes superiores à dose infecciosa, mais de um ano depois do tratamento", afirmou Farzan. "Certamente precisamos de novos estudos, tanto nos macacos como nos seres humanos, antes da possibilidade de testes em grande escala", insistiu Farzan.
Desde 1981, quase 78 milhões de pessoas foram infectadas pelo vírus HIV, que destrói as células do sistema imunológico e deixa o corpo exposto a tuberculose, pneumonia e a outras doenças.
Trinta e nove milhões de pessoas morreram vítimas da doença, segundo estimativas da ONU.
Os medicamentos antirretrovirais desenvolvidos em meados da década de 1990 podem tratar a infecção, mas não conseguem curá-la nem prevenir a doença.
O tratamento é para a vida toda e tem efeitos colaterais. Para muitos sistemas de saúde, o custo dos tratamentos se tornou muito caro e pesa de maneira considerável nos orçamentos.