Pitts é um dos integrantes de um grupo de pesquisadores que trabalha no desenvolvimento da Electrically Accelerated and Enhanced Remineralisation (EAER). A intenção é aposentar as brocas e usar corrente elétrica para tratar as lesões bucais. A intervenção acelera o processo natural de regeneração feito a partir do cálcio e do fósforo do dente. “A EAER remineraliza mais rápido e melhor do que métodos antigos. Ela ‘obriga’ os minerais a regenerarem o dente, o que significa a reparação natural dele”, detalha Pitts.
Indolor, o procedimento dura em média 15 minutos e ainda ajuda a clarear os dentes, segundo o pesquisador. “Esse método não só é menos agressivo para o paciente e melhor para a boca, como também mais barato que os atuais tratamentos disponíveis”, ressalta Pitts. A técnica foi testada em exames clínicos com sucesso. Os idealizadores trabalham agora na adaptação do projeto para que ele possa ser usado comercialmente. A previsão é de que isso ocorra em cerca de três anos. “As próximas etapas constituirão em otimizar o processo e realizar parcerias com investidores interessados”, diz.
Alumínio
Cientistas brasileiros também têm se dedicado a maneiras mais eficientes de combater a cárie e pendurar as brocas. Uma das alternativas são os jatos de ar. O método, chamado de Alluminajet, é de autoria do dentista Izio Mazur e foi desenvolvido em parceria com técnicos do Laboratório de Robótica da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O aparelho libera partículas abrasivas de óxido de alumínio que agem diretamente na lesão e removem a cárie.
“Conheci esse tipo de tecnologia quando fui a congressos nos Estados Unidos e na Europa. Ela tem sido muito explorada por lá com sucesso. Por isso, quis trazer a mesma ideia para o Brasil, criando uma técnica que incorporasse essa tendência internacional”, conta o dentista. “Nós já realizamos testes e comprovamos que a dor diminui 70% do que a provocada pelos métodos tradicionais. Isso já é uma grande conquista para o bem-estar do paciente.”
Segundo Mazur, o método foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e deve começar a ser comercializado ainda neste ano. “Estamos dando os últimos retoques para que ele possa ser adaptado aos consultórios odontológicos.” O dentista ressalta que há uma tendência forte na área de saúde para a realização de procedimentos cada vez menos invasivos. E essa preocupação se estende às questões bucais.
“Quando um paciente deixa de ir ao dentista por medo da dor, um problema como a cárie pode se agravar, virar uma doença gengival e até câncer bucal, uma enfermidade grave que precisa ser diagnosticada o mais cedo possível”, alerta. O tabagismo, o alcoolismo e o vírus HPV são os principais fatores de risco para o desenvolvimento desse tipo de tumor. Mas a falta de higiene bucal e uma dieta pobre em proteínas, vitaminas e minerais também são observadas nos pacientes, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca).