Os quilinhos a mais queimados com dieta e exercício físico têm um destino inusitado. Viram ar, segundo pesquisadores da Austrália. Em estudo divulgado na revista British Medical Journal, eles detalham como a gordura corporal é expelida pela respiração. Apesar da aparente facilidade no processo, alertam que a matemática não é tão simples: precisa-se inspirar e expirar muito — e intensamente — para afinar a silhueta.
“A maioria das pessoas acredita que a gordura é convertida em energia ou calor, o que viola a lei da conservação de massa. Nós suspeitávamos que esse equívoco fosse causado pelo mantra ‘energia entra, energia sai’”, explica Ruben Meerman, da Universidade de New South Wales, principal autor do estudo.
Meerman explica que os humanos têm uma gordura no sangue, chamada triglicerídeo, formada por três tipos de átomos: carbono, hidrogênio e oxigênio. Emagrecer requer que essas moléculas sejam desintegradas durante o processo de oxidação. Ao percorrer o caminho que cada átomo faz para sair do corpo, a equipe de cientistas descobriu que, quando 10kg de gordura são oxidadas, 8,4kg deixam o corpo pelos pulmões como dióxido de carbono (CO2). O restante vira 1,6kg de água.
A análise indica que esse processo metabólico requer uma quantidade de oxigênio que pesa quase três vezes mais do que a gordura queimada. Por exemplo, para oxidar completamente 10kg de gordura, a pessoa deve inalar 29kg de oxigênio e produzir 28kg de CO2, além de 11kg de água. Nada dessa bioquímica é nova para os especialistas, dizem os autores do estudo. Os cálculos, entretanto, são inéditos. “As quantidades fazem todo o sentido, mas fomos surpreendidos com os números”, diz Meerman.
Conforme a nova matemática, uma pessoa que pesa 70kg expira em torno de 200ml de CO2 em 12 respirações. Então, apenas ao expirar 17,28 vezes por dia é possível queimar cerca de 200g de carbono, um terço da perda de peso que acontece durante oito horas de sono. Diante disso, é natural se perguntar por que ninguém emagrece enquanto respira assistindo à tevê ou navegando na internet. Meerman dá uma resposta conhecida: nada é tão simples quando se fala em biologia.
Exercite-se
Para manter o peso, é preciso comer menos do que a gordura exalada pela respiração. Portanto, aconselha Meerman, se um indivíduo quiser emagrecer, não pode evitar os exercícios. Correr durante uma hora por dia, por exemplo, ajuda a remover um adicional de 40g de carbono, elevando a perda total de gordura em 20%.
“Às vezes, da forma como é dito, há a impressão de que, quando expiramos, o ar que sai já é a gordura queimada. Mas não é tão rápido assim. No momento em que fazemos atividade física, precisamos que a gordura seja queimada, se transforme em energia e, no fim desse processo, em CO2 que será expirado. Não se trata de um processo direto de queima e transformação”, esclarece Myrna Campagnoli, endocrinologista do laboratório Exame e não integrante do estudo.
A endocrinologista explica que não apenas a gordura, mas tudo o que o organismo faz em termos de quebra metabólica vira CO2 e outros metabólitos, como ureia e amônia, duas substâncias que saem na urina. Segundo Meerman, essas outras sobras do processo metabólico também podem ser excretadas nas fezes, no suor e na respiração. Elas, porém, são facilmente repostas. “Já o carbono exalado só pode ser substituído pela ingestão de alimentos ou pelo consumo de bebidas, como leite e sucos de frutas, que têm açúcar”, explica.
Se a fórmula respiração e exercícios tiver equilibrada, ainda há o risco de uma pequena escapadinha gastronômica comprometer a perda de peso. Todo o esforço pode cair por terra, por exemplo, se a pessoa comer um único bolinho de 100g, que representa cerca de 20% de toda a energia consumida diariamente por um indivíduo normal, indica o estudo australiano. “A atividade física como uma estratégia de perda de peso é, portanto, facilmente frustrada com pequenas quantidades de comida em excesso”, alerta Meerman, reforçando uma recomendação que todo gordinho conhece muito bem: “É preciso comer menos e se mover mais”.
Como se fosse um empréstimo
“Para manter o peso, a pessoa deve ter consciência de que se alimentar pode gerar um balanço energético positivo quando ela consome muito mais do que gasta. O corpo gosta disso porque é feito para armazenar gordura. Então, se durante vários dias o indivíduo comer mais do que gasta, vai estocar. Emagrecer é o contrário. O organismo entende que há um problema e tenta recompensar gastando menos energia e dando mais fome. É preciso buscar um equilíbrio. Comer um pouco a mais não tem problema, desde que você economize no outro dia. A questão é a sensação de transgredir o proibido. As pessoas acham que, por terem saído da dieta, podem comer um pouco mais e acabam comendo muito mais. É como se fosse um empréstimo: um de R$ 100 é muito mais fácil de pagar do que um de R$ 1.000.” - Bruno Halpern, endocrinologista
“A maioria das pessoas acredita que a gordura é convertida em energia ou calor, o que viola a lei da conservação de massa. Nós suspeitávamos que esse equívoco fosse causado pelo mantra ‘energia entra, energia sai’”, explica Ruben Meerman, da Universidade de New South Wales, principal autor do estudo.
Meerman explica que os humanos têm uma gordura no sangue, chamada triglicerídeo, formada por três tipos de átomos: carbono, hidrogênio e oxigênio. Emagrecer requer que essas moléculas sejam desintegradas durante o processo de oxidação. Ao percorrer o caminho que cada átomo faz para sair do corpo, a equipe de cientistas descobriu que, quando 10kg de gordura são oxidadas, 8,4kg deixam o corpo pelos pulmões como dióxido de carbono (CO2). O restante vira 1,6kg de água.
A análise indica que esse processo metabólico requer uma quantidade de oxigênio que pesa quase três vezes mais do que a gordura queimada. Por exemplo, para oxidar completamente 10kg de gordura, a pessoa deve inalar 29kg de oxigênio e produzir 28kg de CO2, além de 11kg de água. Nada dessa bioquímica é nova para os especialistas, dizem os autores do estudo. Os cálculos, entretanto, são inéditos. “As quantidades fazem todo o sentido, mas fomos surpreendidos com os números”, diz Meerman.
Conforme a nova matemática, uma pessoa que pesa 70kg expira em torno de 200ml de CO2 em 12 respirações. Então, apenas ao expirar 17,28 vezes por dia é possível queimar cerca de 200g de carbono, um terço da perda de peso que acontece durante oito horas de sono. Diante disso, é natural se perguntar por que ninguém emagrece enquanto respira assistindo à tevê ou navegando na internet. Meerman dá uma resposta conhecida: nada é tão simples quando se fala em biologia.
Exercite-se
Para manter o peso, é preciso comer menos do que a gordura exalada pela respiração. Portanto, aconselha Meerman, se um indivíduo quiser emagrecer, não pode evitar os exercícios. Correr durante uma hora por dia, por exemplo, ajuda a remover um adicional de 40g de carbono, elevando a perda total de gordura em 20%.
“Às vezes, da forma como é dito, há a impressão de que, quando expiramos, o ar que sai já é a gordura queimada. Mas não é tão rápido assim. No momento em que fazemos atividade física, precisamos que a gordura seja queimada, se transforme em energia e, no fim desse processo, em CO2 que será expirado. Não se trata de um processo direto de queima e transformação”, esclarece Myrna Campagnoli, endocrinologista do laboratório Exame e não integrante do estudo.
A endocrinologista explica que não apenas a gordura, mas tudo o que o organismo faz em termos de quebra metabólica vira CO2 e outros metabólitos, como ureia e amônia, duas substâncias que saem na urina. Segundo Meerman, essas outras sobras do processo metabólico também podem ser excretadas nas fezes, no suor e na respiração. Elas, porém, são facilmente repostas. “Já o carbono exalado só pode ser substituído pela ingestão de alimentos ou pelo consumo de bebidas, como leite e sucos de frutas, que têm açúcar”, explica.
Se a fórmula respiração e exercícios tiver equilibrada, ainda há o risco de uma pequena escapadinha gastronômica comprometer a perda de peso. Todo o esforço pode cair por terra, por exemplo, se a pessoa comer um único bolinho de 100g, que representa cerca de 20% de toda a energia consumida diariamente por um indivíduo normal, indica o estudo australiano. “A atividade física como uma estratégia de perda de peso é, portanto, facilmente frustrada com pequenas quantidades de comida em excesso”, alerta Meerman, reforçando uma recomendação que todo gordinho conhece muito bem: “É preciso comer menos e se mover mais”.
Como se fosse um empréstimo
“Para manter o peso, a pessoa deve ter consciência de que se alimentar pode gerar um balanço energético positivo quando ela consome muito mais do que gasta. O corpo gosta disso porque é feito para armazenar gordura. Então, se durante vários dias o indivíduo comer mais do que gasta, vai estocar. Emagrecer é o contrário. O organismo entende que há um problema e tenta recompensar gastando menos energia e dando mais fome. É preciso buscar um equilíbrio. Comer um pouco a mais não tem problema, desde que você economize no outro dia. A questão é a sensação de transgredir o proibido. As pessoas acham que, por terem saído da dieta, podem comer um pouco mais e acabam comendo muito mais. É como se fosse um empréstimo: um de R$ 100 é muito mais fácil de pagar do que um de R$ 1.000.” - Bruno Halpern, endocrinologista