Saúde

Homem brasileiro é avaliado como melhor amante entre os latinos; quem ficou em último?

Pesquisa realizada com mais de 7 mil mulheres da Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e México dá nota 8.5 para os brasileiros

Valéria Mendes

Homem brasileiro ganhou 10 em senso de humor e sensualidade
"Um mesmo homem é mais interessante como amante do que como marido". A afirmação é da neuropsicóloga, professora de Teoria Psicanalítica da Sexualidade e membro da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana, Sônia Eustáquia Fonseca. Por essa razão, o resultado alcançado pelos brasileiros em uma pesquisa realizada por um site de relacionamento extraconjugais com 28 milhões de usuários anônimos cadastrados em 40 países não pode ser motivo de completa comemoração ou apenas ‘zoação’ entre os principais adversários dentro das quatro linhas: enquanto o brasileiro recebeu nota 8,5 e ocupou a primeira posição, a Argentina ficou em último, com 6,33, entre os cinco países avaliados. Veja a nota geral:




Mais de 7 mil mulheres foram entrevistadas e analisaram seis critérios: romantismo, senso de humor, beijo, atração física, bom de cama e sex appeal (ou sensualidade). O que elevou a média dos brasileiros foram as notas máximas alcançadas no humor e na sensualidade. Na outra ponta, os argentinos ficaram abaixo da média nos quesitos romantismo e humor. “Os argentinos têm a fama, entre as mulheres, de serem homens bonitos, mas pelo que a pesquisa aponta, a simpatia não foi muito bem avaliada nem mesmo por elas”, aponta o diretor geral do AshleyMadison.com no Brasil, Eduardo Borges.

Os amantes colombianos e mexicanos foram avaliados como os mais românticos, ambos com nota 8 e a menor nota para os brasileiros foi justamente nessa categoria. Veja o resultado geral:



Mais do que um conjunto de atos físicos, a sexualidade é o resultado de construções sociais e culturais. Mesmo que esses fatores sejam mais facilmente percebidos quando se compara o Ocidente com o Oriente, por exemplo, as diferenças aparecem mesmo entre os homens latinos, reconhecidamente machistas: os colombianos, por exemplo, foram os únicos que ficaram abaixo da média (nota 4) para ‘beijo’ enquanto o Chile foi o único com nota máxima para ‘bom de cama’. “Nós somos repetidores de condutas. Por isso, a cultura influencia a sexualidade de homens e mulheres. Mas todos somos passíveis de mudanças”, sintetiza Sônia Eustáquia Fonseca.

A neuropsicóloga salienta que a grande dificuldade na realização de estudos quantitativos e qualitativos sobre sexo e sexualidade está na veracidade das respostas. Por essa razão, ela aponta como vantagem dessa pesquisa o anonimato, mas salienta que a amostra não é representativa da realidade já que é restrita a uma comunidade infiel. “Dentro de uma amostra geral, quando se compara o Brasil com o resto do mundo, sabemos que é um país em que as pessoas têm mais relações sexuais, com a média de três vezes por semana”, observa. Para Sônia Eustáquia, o senso de humor do homem brasileiro ter se destacado entre os países latinos não surpreende já que “somos reconhecidos por isso, pelo astral, pela alegria, pelo jeito simples de nos comunicar”.

Em contrapartida, os brasileiros não estão ‘bem na fita’ quando o assunto é sexo no relacionamento. Pesquisa realizada por uma marca de preservativos no ano passado mostrou que 51% dos homens e 56% das mulheres estão infelizes com a vida sexual que têm. Onde a disparidade de realidades em relação a gênero mais se destaca é quando o assunto é o orgasmo: 52% dos homens asseguraram que sempre chegam lá quando transam. No caso feminino, a queda é brusca e só 22% afirmaram atingir o auge do prazer sempre que fazem sexo. Vinte e oito porcento delas também disseram que chegam ao orgasmo mais facilmente com a masturbação. Clique e aqui e veja o resultado completo da pesquisa.

Sexo com amor (mesmo com o amante)
Em relação à pesquisa realizada pelo site de relacionamento extraconjugal, Sônia Eustáquia chama atenção para o fato de as mulheres latinas entrevistadas, apesar de fazerem parte de uma comunidade de infiéis, terem a exigência de um sexo amoroso e não apenas do sexo pelo sexo. Esse comportamento, segundo ela, está muito associado à cultura machista. A neuropsicóloga cita o best-seller ‘50 Tons de Cinza’, livro que virou filme e tem estreia prevista para fevereiro, para problematizar essa questão: “Qual a suprema fantasia feminina? Ela é livre para fazer suas escolhas? O que a obra da escritora britânica E.L James mostra é uma mulher subjugada para conseguir o máximo prazer. É uma discussão impactante já que o sexo é, em si, muito primitivo”, avalia.

Ainda de acordo com a neuropsicóloga, a discussão comporta ainda o conceito de ‘bom de cama’, exigência que ronda o universo masculino e que, em certa medida, coloca novamente o homem no comando da relação sexual.

Para ela, no fundo, as pessoas querem um amante completo. “Não adianta ter só uma ‘boa pegada’”, diz Sônia Eustáquia. A especialista diz que a casualidade do sexo que muitos apregoam não pode ser levada muito ao pé da letra: “O que essa pesquisa com as mulheres latinas mostrou é que, mesmo dentro do sexo casual as pessoas exigem critérios do universo do amor”, afirma. “Mesmo na ‘pulada de cerca’ a pessoa espera, quer e avalia itens que são do amor e não do sexo. A separação entre sexo e amor funciona mais didaticamente do que na prática”, pontua a neuropsicóloga.

Para Sônia Eustáquia é importante que existam pesquisas que nos façam atentar para as questões que envolvam amor, sexo e relacionamento. “Infelizmente, na relação extraconjugal há um capricho maior, os casados não se preocupam mais com o romantismo ou com uma expressão mais apaixonada que vá além do cotidiano, de pensar em fazer alguma coisa que vá evocar uma emoção diferente. O senso de humor também diminui terrivelmente. Homens e mulheres reclamam que não se beijam mais ou que se beijam pouco. Por isso que, em alguns casos, o sexo fora do casamento pode ser necessário até para manter a união”, pondera.


Coordenado pela psiquiatra Carmita Abdo, do Projeto Sexualidade (ProSex) da Universidade Federal de São Paulo, o estudo Mosaico Brasil, de 2008, revela que as brasileiras têm traído mais. Entre as mulheres entre 18 a 25 anos, o percentual é de 49,5%; entre as de 41 e 50 é de 34,7% e cai para 22% na faixa etária acima de 70 anos. Na pesquisa foram ouvidas 8.200 pessoas em dez capitais.

A pesquisa revela também que 51% das brasileiras têm dificuldade para atingir o orgasmo. A anorgasmia (ausência de orgasmo) é uma realidade para 40% das brasileiras, 30% das argentinas e 25% das norte-americanas. A anorgasmia se divide em primária, quando a mulher nunca chegou ao clímax; e a secundária, em que ela deixou de ter a sensação por algum motivo.