No mês passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a comercialização de um stent feito de um tipo de polímero, espécie de plástico especial, que, ao entrar em contato com o sangue, vai se dissolvendo ao longo do tempo e desaparece no período de dois a três anos.
De acordo com Alexandre Abizaid, diretor do Serviço de Cardiologia Invasiva do Instituto Dante Pazzanese e cardiologista intervencionista do Hospital Israelita Albert Einstein, o fato de o novo produto ser eliminado pelo corpo pode trazer algumas vantagens. "No caso do stent feito de metal, pode haver uma coagulação exagerada em torno do objeto, o que pode gerar a necessidade de substituição no futuro. Como o stent bioabsorvível vai se dissolvendo, a chance disso acontecer é menor", explica ele.
O especialista, que participou dos estudos do stent bioabsorvível no Brasil, diz ainda que o novo produto permite que o vaso sanguíneo volte ao seu estado natural, sem a interferência de um corpo estranho.
Escolha
Essa possibilidade foi a principal razão que fez com que o advogado Luiz Lemos Leite, de 85 anos, optasse pela utilização do stent absorvível, há duas semanas, quando passou por uma angioplastia. Ele é um dos 20 pacientes brasileiros que já utilizam a tecnologia.
"Eu tinha uma obstrução em uma artéria secundária, mas não tinha sintoma nenhum. O médico achou melhor fazer a colocação do stent por precaução, mas eu achei interessante poder optar por um material que não fosse estranho, algo que não fosse ficar no meu corpo para sempre. Acho que agride menos o organismo", afirma.
O stent absorvível ainda não está disponível na rede pública, mas já é coberto por alguns planos de saúde. O primeiro produto do tipo a ser aprovado para venda no Brasil é produzido pela farmacêutica Abbott.