No entanto, o médico, que estava em Serra Leoa para ajudar a combater o avanço da epidemia que matou até agora mais de 6.000 pessoas na África ocidental, leu seu histórico clínico. "Este histórico clínico parece muito ruim", disse ao jornal The New York Times. Crozier e seus familiares afirmaram ter concedido entrevistas para alertar sobre a epidemia, que segue causando mortes, e para agradecer à equipe médica que salvou sua vida.
E apesar da gravidade da doença e do medo de ficar com dano cerebral permanente - Crozier afirma sentir que seu cérebro está mais lento do que antes - o médico nascido no Zimbábue afirma que espera voltar à África ocidental para continuar tratando os pacientes com ebola nos próximos meses. "Ainda há muito a ser feito", afirmou, destacando que sua recuperação também significava que poderia ter ficado imune ao vírus.
Crozier viajou a Serra Leoa em agosto pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Ficou doente em setembro e passou 40 dias em um hospital americano, sendo o paciente mais afetado já tratado por este centro médico, segundo Jay Varkey, especialista em doenças contagiosas.
Os médicos que o atenderam recorreram a um tratamento intensivo que incluiu diálise e ventilação para ajudá-lo a se manter com vida enquanto o vírus fazia estragos em seu corpo e paralisava seus rins.
"Uma das coisas que Ian nos ensinou foi: 'Adivinhem? É possível ficar tão doente a ponto de precisar deste tipo de tratamento e ainda assim sair caminhando do hospital'", disse o coordenador da equipe médica que o atendeu, Bruce Ribner.
Crozier também recebeu sangue de uma enfermeira britânica que havia sobrevivido ao ebola, em um tratamento experimental que pode permitir a transferência de anticorpos que ajudem a combater a doença.
O homem de 44 anos agora está de volta com sua família a Phoenix, recuperando forças depois de ter perdido cerca de 14 quilos.