Estudo recente avaliou 52 mil atletas de alta performance e demonstrou que 919 deles foram diagnosticados com arritmias cardíacas. O acompanhamento ocorreu por um período de mais de nove anos. Nesse estudo, a arritmia mais comum detectada foi a fibrilação atrial (em 681 pacientes), seguida por bradicardias. Arritmias extrassístoles ventriculares e supraventriculares também foram frequentes.
Diante disso, o melhor mesmo é consultar um cardiologista antes de praticar qualquer tipo de atividade. E um dos testes mais eficientes é o Screening (rastreamento), um dos mais indicados para atletas de alta performance e que pode identificar arritmias cardíacas não reconhecidas em testes anteriores, em pacientes assintomáticos. O cardiologista Bruno Valdigem, membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia, da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular e da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas, ressalta que o atleta pode ter uma arritmia cardíaca que, se não diagnosticada, oferece riscos maiores, como morte súbita, seja durante a prática da atividade ou não. “De forma completa, o mais indicado é incluir anamnese, histórico familiar e pessoal, exame físico, eletrocardiograma e um Screening. Dessa forma, teremos uma avaliação muito mais detalhada.”
A intensidade da atividade física pode demonstrar uma relação com a incidência da fibrilação atrial (FA), o que pode indicar que os efeitos antiarrítmicos positivos da atividade física são parcialmente anulados, quando o exercício é muito intenso. “A intensidade do exercício e a capacidade aeróbica também estiveram relacionadas à maior probabilidade de diagnóstico de arritmias. Os atletas que correram mais, melhor e por mais tempo apresentaram mais arritmias que aqueles que praticaram as atividades de forma mais comedida”, diz o médico.
O especialista explica que, durante o esforço físico, os níveis de adrenalina e a demanda de oxigênio no miocárdio aumentam muito. Isso pode ser facilitador de arritmias cardíacas e também precipitar isquemia de coronárias (angina) ou ruptura de uma placa de gordura dentro de uma artéria coronariana, o que pode causar o infarto. “Algumas arritmias cardíacas e doenças congênitas do coração podem não ser detectadas até a idade adulta pela ausência de sintomas. Assim, o exame médico pode diagnosticar uma doença silenciosa.”
AVALIAÇÃO O cardiologista Haroldo Christo Aleixo – médico do esporte do Clube Atlético Mineiro e do Minas – explica que a consulta prévia permite identificar e prevenir as infrequentes – porém temidas – complicações que podem ser precipitadas pelo exercício físico, que são o infarto agudo do miocárdio e a morte súbita. “Antes de iniciar a prática de exercícios físicos, é fundamental uma consulta médica. Os exames necessários serão definidos de acordo com as características individuais do paciente e da atividade física que ele se propõe a fazer.”
O médico alerta que as atividades físicas intensas podem precipitar o infarto e a morte súbita, especialmente nos indivíduos sedentários, conhecidos como atletas de fim de semana. “E mais, embora ainda existam controvérsias, alguns estudos científicos têm mostrado que a prática de atividades físicas extenuantes, como maratonas e ultramaratonas, poderia correlacionar-se com maior incidência de arritmias, entre outras complicações cardíacas. O exame físico do esportista deve iniciar dentro do próprio consultório médico, abordando aspectos relacionados à postura, força e flexibilidade. Para avaliar as condições aeróbicas desse indivíduo podem ser realizados os testes ergométrico e cardiopulmonar, entre outros. A avaliação por um educador físico torna-se muito importante, especialmente para quem deseje praticar atividade física regular com muita frequência e em alta intensidade.”