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Os dados foram apresentados ontem, no Dia Mundial de Luta contra a Aids, e fazem parte do Boletim Epidemiológico HIV-Aids 2014. O aumento no número de pessoas que se tratam, segundo o Ministério da Saúde, é resultado da mudança no protocolo clínico, em dezembro de 2013, que determinou a oferta de antirretrovirais a pessoas soropositivas, mas que ainda não manifestaram a Aids. Antes, os medicamentos eram oferecidos somente a quem estava com o sistema imunológico comprometido. De janeiro a outubro, 61.221 pacientes iniciaram o tratamento, contra 47.506 pessoas, no mesmo período de 2013. Com o novo método, em seis meses de tratamento, a carga viral pode ficar indetectável — ou seja, não transmitem a doença —, além de minimizar os efeitos negativos da infecção. Hoje, 331 mil pessoas em tratamento têm a carga viral indetectável.
“São dois desafios para interromper a cadeia de transmissão: trabalhar com os 150 mil que têm HIV e não sabem e que, portanto, precisam fazer o teste, e trazer para tratamento esses 200 mil que são HIV positivos e sabem”, avaliou o ministro da Saúde, Arthur Chioro. De acordo com ele, o aumento de pacientes incluídos no tratamento não foi maior porque, entre outros fatores, o protocolo é recente. Membro da organização não governamental Gestos, de apoio a pacientes com Aids, e integrante de um comitê sobre a doença no governo, Jair Brandão diz que as pessoas ainda têm medo de começar o tratamento antes. “Mas há também situações em que a pessoa é diagnosticada, mas só consegue marcar a consulta para meses depois”, completa.
Em 2013, foram diagnosticados 39.501 casos de aids no país. A taxa de detecção de HIV no Brasil é de 20,4 casos a cada 100 mil habitantes — índice estabilizado nos últimos anos. Em algumas populações, como travestis, homens gays e profissionais do sexo, a notificação é maior. “A epidemia é do tipo concentrada e há populações chaves”, disse o diretor do Departamento de HIV/Aids, Fábio Mesquita. Na população em geral, apenas 0,4% são soropositivas, mas entre as pessoas que usam drogas, por exemplo, o índice sobe para 5,9%; entre os profissionais do sexo, 4,9% são infectados e; em meio aos gays ou homens que fazem sexo com homens, o percentual vai a 10,5%.
O grupo mais preocupante, entretanto, tem sido os jovens. Nessa população, a taxa de detecção passou de 9,6 a cada 100 mil pessoas para 12,7 de 2004 a 2013. “Os jovens não são o maior grupo de contaminados, mas o que proporcionalmente mais cresce”, disse Chioro. Entre os homens de 20 a 24 anos, a taxa de detecção é de 28,5 casos a cada 100 mil habitantes. Em 2004, o índice era de 16,2. Entre as mulheres da mesma faixa etária, a taxa é menor: 12,1 a cada 100 mil pessoas em 2013. “Voltou a ser comum o comportamento de ter três parceiros diferentes numa mesma noite. Esse tipo de comportamento parecia ter acabado, mas está voltando”, diz Barbosa.
A taxa de mortalidade é de 5,7 óbitos a cada 100 mil pessoas — ou 12,4 mil pessoas. O índice caiu 13% em uma década. Apesar da queda, ainda há estados com números maiores ainda. No Rio Grande do Sul, por exemplo, houve 11,2 mortes por 100 mil habitantes em 2013 — mais que o dobro da média nacional. Também são altas as taxas no Rio de Janeiro (9,1), Amazonas (8,7) e Santa Catarina (7,5).
Panorama da epidemia
Apesar de estabilizado, ainda é alto o número de pessoas com HIV no país:
Estimativa de pessoas com HIV: 734 mil
Diagnosticadas*: 589 mil
Em tratamento*: 398,5 mil
Mortes por Aids (2013): 12.431
* Total (até outubro de 2014).
Taxas por 100 mil habitantes (2013)
Mortes: 5,7
Detecção de infecção: 20,4