Foi encerrada nesta segunda-feira (24/11) consulta pública de duas resoluções propostas pela Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), em parceria com o Ministério da Saúde, com o objetivo de reduzir o número de cesarianas desnecessárias entre as consumidoras de planos de saúde. O Brasil não é só campeão mundial no procedimento cirúrgico como vive também um aumento no número de crianças que nascem prematuramente (veja os detalhes).
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As críticas pipocaram, a instituição tomou conhecimento e promete para a tarde de hoje uma nota em que vai explicar as intenções da peça publicitária. Dos 550 procedimentos médicos e cirúrgicos realizados pela clínica, 250 são nascimentos. Nem o diretor geral, Remaclo Fischer Júnior, nem o diretor técnico, José Francisco Zambonato, puderam falar com o Saúde Plena. No entanto, indicaram Fábio Albertoni, admnistrador da Clínica Santa Helena, para prestar os esclarecimentos.
“Tomamos conhecimento da repercussão nas mídias sociais ontem, manteremos o banner, mas vamos colocar uma nota no site esclarecendo que ‘parto programado’ é um produto da Clínica Santa Helena”, afirma. Ele reforça que a instituição não incentiva a cesariana e que o objetivo é facilitar o acesso das gestantes que não têm plano de saúde aos serviços da rede privada. O prazo máximo para adquirir o ‘parto programado’ é o sexto mês de gravidez. O valor de R$ 6.920 pode ser dividido em seis vezes, sendo que as três primeiras parcelas devem ser pagas no sétimo, oitavo e nono meses.
Segundo Fábio Albertoni o valor é o mesmo, independentemente de o parto ser via vaginal ou cesariana. “A palavra final é do médico”, declarou. “A diferença é que, no parto normal o médico recebe mais pelos honorários e, no caso de uma cesariana, o hospital ganha mais”, explicou por telefone.
Sobre o bônus de uma diária na UTI Neonatal, Albertoni ressaltou que é uma questão de segurança caso o bebê necessite de cuidados intensivos após o nascimento. Ele não soube dizer qual a taxa de cesarianas da Clínica Santa Helena, pediu um tempo para levantar os números, mas até o fechamento da reportagem a informação não chegou.
Dados oficiais do Ministério da Saúde mostram que a taxa de cesarianas na rede privada é de 84,6%. Dos mais de 2,9 milhões de partos que acontecem no Brasil, 521 mil são realizados na rede privada. A incidência de cesariana ainda é alta também no Sistema Único de Saúde (SUS): 40%. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que seja, no máximo de 15%, mas média do país é de 55,6%.
Atualização:
A Clínica Santa Helena alterou a peça publicitária que incentivava a cesariana. Como dito anteriormente ao Saúde Plena, não mudou o nome do produto. A instituição continua sem informar a taxa de cesáreas e mantém a dúvida alimentada nas redes sociais: a explicação dada após a polêmica é apenas uma justificativa para fato de a campanha incentivar o agendamento do parto?