Saúde

Você sabia que a mastigação errada pode ser responsável pelas rugas de expressão? Entenda a fonoaudiologia estética

Técnica é aliada para amenizar efeitos das alterações funcionais e melhorar o tônus facial

Paula Takahashi

A fonoaudióloga Valesca Resende explica que, antes de direcionar o tratamento, faz uma avaliação da articulação, da fala e da mastigação
Você já suspeitou que o surgimento das rugas de expressão e daquele “bigode chinês” indesejado pode não ser consequência do avanço da idade, mas sim de uma mastigação errada? Respirar, engolir e até falar de forma incorreta podem trazer consequências para a pele e acelerar um processo de flacidez e aparecimento de marcas no rosto. Até a contração exagerada dos músculos tem efeitos na aparência.


“Funções mastigatórias, a própria deglutição, respiração e fala podem provocar alterações estéticas. A mastigação unilateral, por exemplo, cria uma assimetria na face, deixando um lado mais flácido, marcado e com tônus reduzido em relação ao outro”, explica a fonoaudióloga e mestre em saúde pela Universidade Federal de Alfenas (Unifenas) Valesca Resende.

Para amenizar os efeitos das alterações funcionais e evitar que o problema vá parar na sala de cirurgia, entra em cena a fonoaudiologia estética. “Essa área surgiu da motricidade orofacial que sempre tratou alterações musculares, mas com foco patológico, como a paralisia. À medida que era aplicada, percebeu-se que os exercícios tinham excelente resultado estético”, afirma Valesca. Por meio de exercícios e manipulações da face, é realizado um aprimoramento das funções com o intuito de garantir equilíbrio e simetria para o rosto.

Diferente da ginástica facial, já bastante difundida, a fonoaudiologia estética não se atém apenas aos exercícios faciais, mas também conta com técnicas de alongamento, massagem facial, relaxamento e até drenagem linfática para reorganizar a musculatura do rosto. “E não se trata de exercícios que valem para qualquer um. Antes de direcionar o tratamento, fazemos uma avaliação da articulação, da fala e mastigação, por exemplo, para saber onde está o problema. Esse diagnóstico é que vai direcionar o planejamento”, detalha Valesca.

RESPOSTA MUSCULAR
Em sessões de 50 minutos, os pacientes passam por uma drenagem linfática para soltar a musculatura e melhorar a vascularização. “Isso é importante para termos uma resposta muscular e de tônus mais rápida. Depois, faço alongamento puxando a bochecha, lábios. É como uma massagem”, explica a fonoaudióloga. Por fim, são realizados os exercícios que deverão ser repetidos ao longo da semana. “Passo no máximo quatro, para que as pessoas possam praticar em momentos variados, como no almoço e dirigindo.”

Em alguns exercícios, é preciso usar as mãos, em outros, materiais como canudinho e até seringa entram em cena. “Para trabalhar a sucção. Os resultados nesse caso são principalmente para a bochecha e lábios. Depois dos 35 anos, muitas mulheres reclamam de perda do volume labial e isso pode ser recuperado”, garante a especialista. Bochecha caída, papada e o bigode chinês – traços que vão do canto do nariz ao canto da boca – também são insatisfações comuns.

Além dos resultados estéticos, que surgem, em média, em três semanas, os benefícios incluem uma adequação da postura, respiração, mastigação, deglutição e fala do paciente. “Trata-se também a dor que vem acompanhada dessas alterações funcionais. O próprio bruxismo é uma delas”, afirma Valesca.

A servidora pública Fernanda Santos, de 37 anos, é prova de que, mais do que a estética, o alívio da dor é um dos grandes resultados do tratamento. “Tenho articulação temporomandibular (ATM) e, para mim, o relaxamento realizado melhorou bastante a sensação de dor que tinha antes. Isso foi o mais importante.” Em busca do tratamento para prevenir as marcas da idade, ela faz o acompanhamento quinzenal desde 2010. “Vejo que tonificou a minha pele e evita a flacidez”, conta. Os exercícios são realizados diariamente, não tomam muito tempo e podem ser feitos em qualquer lugar.