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O custo dos remédios é elevado e nos Estados Unidos chega a atingir US$ 120 mil para 12 semanas de tratamento. É por isso que o Ministério da Saúde está em entendimento com laboratórios para fazer a compra em valores mais baixos, a fim de que sejam oferecidos no Sistema Único de Saúde (SUS). O chefe do Ambulatório de Hepatites do Hospital de Clínicas da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e membro do Comitê Assessor do Programa de Hepatites do Ministério da Saúde, Raymundo Paraná, disse que sem essa negociação seria inviável ao SUS garantir a oferta dos produtos. “O SUS não suportaria, de uma hora para outra, que remédios que têm custo de US$ 120 mil nos Estados Unidos fossem universalmente disponibilizados em país como o nosso, que tem limitação orçamentária”, explicou.
Os medicamentos já foram aplicados nos Estados Unidos e na Europa e segundo Edison Parise, neste mês, em um congresso de especialistas em Boston, houve demonstração dos resultados em mais de mil pacientes, que comprovam a eficácia do tratamento. “Esses medicamentos começaram a ser usados há mais ou menos um ano nos Estados Unidos e agora, no Congresso, foram mostrados dados sobre o uso deles. Enquanto os estudos iniciais incluíam poucos pacientes, os dados agora trazem um número muito grande de pessoas tratadas e confirmam os mesmos índices de cura, em torno de 80% a 90%, dos pacientes, com qualidade de tratamento melhor e menos sofrimento”, acrescentou.
Os pacientes transplantados ou que estão aguardando a cirurgia também podem ser beneficiados, porque com os novos medicamentos, o tratamento pode seguir. “Tratada, a doença hepática pode regredir ou eles podem ir ao transplante em condição muito melhor”, destacou Paraná.
O tratamento da hepatite C no Brasil durava 48 semanas, com inúmeros efeitos colaterais e taxa de resposta em torno de 50%. Com a evolução dos remédios, esse número avançou nos últimos anos e a taxa atingiu 70%, mas ainda apresentava efeitos colaterais, que afastavam os pacientes do tratamento. O infectologista responsável pelo Ambulatório de HIV e Hepatites Virais da Disciplina de Infectologia da Universidade Federal de São Paulo, Paulo Abrão Ferreira, informou que agora, com os produtos que serão ministrados, será possível evitar o uso da proteína sintética interferon. Para ele, isso representa uma revolução no tratamento da doença no país. “É uma revolução porque agora a gente não precisa mais de interferon e não haverá efeitos colaterais”, disse.
Os médicos avaliam que o tempo mais curto de tratamento vai aumentar o número de atendimentos. “Nos Estados Unidos, está sendo tratado em uma semana o que se tratava em meses com o procedimento anterior. Com isso, o Brasil pode quadruplicar a capacidade de tratamento, simplesmente pelo tempo mais curto e pelo número menor de efeitos colaterais" disse Parise.
No Brasil, a hepatite C atinge 2 milhões de pessoas e no mundo chega a 170 milhões, mas se o tratamento for aplicado na integridade, o paciente pode conseguir a cura. “É uma doença curável. Tratou, eliminou o vírus, ela não volta mais”, completou Paraná.