O depoimento anônimo de uma garota de 18 anos registrado em Belo Horizonte é um dos mais de 1.200 que constam no mapa virtual Chega de Fiu Fiu, uma iniciativa do coletivo Think Olga que, no ano passado, divulgou os resultados de uma pesquisa que entrevistou quase 8 mil mulheres e revelou que 99% já sofreu algum tipo de assédio sexual e 83% delas não gostam de levar cantadas (saiba mais aqui). O que o mapa têm mostrado até agora é que, no Brasil, 46% dos assédios são verbais e 67% acontecem durante o dia.
Agora, Juliana de Faria, fundadora do Think Olga, se junta a outras três mulheres, Amanda Kamanchek, Camila Biau e Fernanda Frazão, para realizar um documentário que vai mostrar a faces do assédio sexual no país. A ideia é que, durante o trajeto diário de casa até o trabalho, algumas mulheres utilizem óculos com uma microcâmera escondida e filmem o que consideram o local e o momento mais crítico do assédio em suas rotinas. Minas Gerais está incluída nas gravações, apesar de a cidade ainda não ter sido escolhida. Segundo, Juliana de Faria, as páginas Think Olga e Chega de Fiu Fiu farão um chamado para escolher as voluntárias.
Para que o filme seja realizado, o quarteto inscreveu o projeto no Catarse, uma ferramenta de financiamento coletivo, para conseguir R$ 80 mil. Em menos de um dia, a primeira meta, que era de R$ 20 mil, foi arrecadada e motivo de comemoração na página Think Olga: “Nosso financiamento coletivo para o documentário Chega de Fiu Fiu foi o 4º projeto que mais arrecadou nas primeiras 24 horas de existência em toda a história do Catarse (e o 1º no ranking da categoria Cinema & Vídeo). (...) Um projeto FEMINISTA, que luta contra a violência contra a mulher. Um projeto que oferece pouquíssimas recompensas materiais para os doadores. Um projeto que está sendo apoiado pela urgência que o assunto - assédio sexual - merece ser debatido e solucionado”.
Assista ao vídeo de divulgação da campanha:
Na página do projeto no Catarse, o grupo define como assédio sexual “a manifestação de cunho sensual ou sexual alheia à vontade da pessoa a quem se dirige. Quando realizada no ambiente de trabalho por uma pessoa de nível hierárquico superior, é crime. Em outros locais, a lei não possui dispositivos específicos de repressão. Isso não significa, porém, que o assédio sexual cometido nas ruas não acarrete danos físicos, psicológicos ou morais às vítimas”.
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