Atletas e praticantes de musculação podem ter a performance aumentada com um equipamento composto de diodos emissores de luz (LED) que vem sendo desenvolvido por pesquisadores brasileiros. Trata-se de uma manta feita de material plástico e coberta com dezenas de lâmpadas de tamanhos variados, facilmente adaptável a diferentes partes do corpo e possível de ser usada por pessoas de todos os tamanhos. O produto, no qual trabalham cientistas da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) e da Universidade de São Paulo (USP), deve chegar ao mercado até o fim do ano.
A manta de LED pode emitir luz em dois diferentes comprimentos de onda: vermelho e infravermelho. Com graus diferentes de penetração na pele, os dois tipos de luz podem ser usados em conjunto para um tratamento mais completo. O número de diodos aplicados sobre a manta varia de acordo com a área do corpo em que a terapia é aplicada.
“Nós desenvolvemos a manta inicialmente para aplicação sobre o quadríceps femoral, que é um músculo grande. Numa primeira tentativa, fizemos com 50 LEDs e, depois, aumentamos para 200. Isso aumentou a potência do equipamento”, conta Cleber Ferraresi, que trabalhou no desenvolvimento da manta como estudante de doutorado do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia da UFSCar. Segundo Ferraresi, o grupo ainda está à procura de uma empresa interessada em fabricar o equipamento, que teve a patente depositada em 2011.
O conceito foi testado em testes clínicos, nos quais os voluntários foram divididos em dois grupos. Ambos foram submetidos a exercícios de musculação durante três meses, mas somente metade deles recebeu a fototerapia após as sessões de treino. O restante recebeu uma manta que apenas simulava o tratamento (placebo). Além do treinamento de força, os participantes passaram por uma detalhada análise genética, que avaliou a mudança no padrão de expressão gênica de cada um. Eles foram submetidos ainda a uma biópsia muscular da coxa antes e depois do período de treinamento.
Os voluntários que receberam o tratamento de LED mostraram resultados animadores. O uso da luz aumentou o potencial de ganho de força e a resistência muscular proporcionados pela atividade física, além de diminuir a inflamação e acelerar a regeneração do tecido após o treino. A análise mostrou que a manta aumentou a expressão de genes relacionados à hipertrofia muscular e reduziu a dos que inibem o ganho de massa. Neste grupo, a força medida no músculo aumentou cerca de 55%, contra apenas 27% no outro grupo. Os dados foram publicados na revista Lasers in Medical Science.
Os resultados confirmam estudos anteriores feitos pelos mesmos pesquisadores. Em um deles, 45 mulheres foram submetidas a um treino de resistência aeróbica em bicicleta ergométrica durante três meses. Parte delas, que recebeu o tratamento com a fototerapia pós-treino no músculo da perna, teve aumentada a tolerância ao esforço físico. Num outro trabalho, com 16 jogadores de futebol profissionais, a performance dos voluntários que receberam a terapia luminosa foi quase três vezes maior que a dos outros atletas.
Mais energia
De acordo com os pesquisadores, a prática de atividade física estimula a liberação de radicais livres de oxigênio, causando o chamado estresse oxidativo. Os estudos práticos indicam que o uso da luz LED após o treino favorece a entrada de determinadas enzimas nas células musculares que ajudam a neutralizar esse processo. A produção de energia estimulada pelos diodos também afeta as células satélites, que reparam as microlesões formadas no músculo durante uma sessão de exercício. O processo estimula o ganho de massa muscular, produzida cada vez que o tecido é afetado por um grande esforço.
O fenômeno ainda reduz a inflamação, a fadiga e acelera a regeneração muscular. “A fototerapia de baixa intensidade pode ser útil tanto no esporte quanto na reabilitação e na recuperação funcional de pacientes em várias circunstâncias”, ressaltou em um comunicado Nivaldo Antonio Parizotto, professor da UFSCar e orientador do trabalho que deu origem à ideia.
O grupo investiga também a eficácia de uma manta de lasers no tratamento contra a obesidade. O ensaio clínico submeteu 64 mulheres a uma hora de treinamento que combinou exercícios aeróbicos e de força, três vezes por semana. O grupo que recebeu a fototerapia após a prática perdeu 48% mais massa corporal que o outro. Além disso, as voluntárias tiveram uma melhora acentuada no perfil lipídico, relacionado à redução de colesterol e triglicérides no organismo.
De acordo com os pesquisadores, a fototerapia era usada até então quase que exclusivamente como método para ajudar no reparo de lesões. “Aí reside a nossa grande novidade. Queremos usar a técnica não como terapêutica, mas de condicionamento físico. Nesse tipo de aplicação, acho que somos pioneiros”, diz Vanderlei Salvador Bagnato, professor da USP e um dos colaboradores do projeto. A instituição participa da pesquisa com LEDs desde o início dos estudos teóricos e coordenou testes em animais antes dos primeiros experimentos com humanos, além de desenvolver o equipamento usado nos trabalhos práticos.
Técnica faz sucesso nos EUA
O uso da fototerapia antes da atividade física é uma prática comum na prevenção contra lesões musculares no Brasil e no exterior. Além de garantir uma performance melhor durante o exercício, a energia produzida pelo corpo também ativa um sistema que protege o organismo. “Estudos demonstram que, quando se produz ATP (trifosfato de adenosina) em níveis ideais, você aumenta também a produção de espécies reativas de oxigênio, o que tem um efeito citoprotetor, ou seja, que protege as células contra o dano”, explica Ernesto Cesar Pinto Leal Junior, pesquisador do Programa de Ciências de Reabilitação da Universidade Nove de Julho (Uninove).
O grupo da Uninove estuda os efeitos benéficos da luz sobre o organismo desde 2008 e, hoje, colabora com empresas internacionais que já vendem equipamentos fototerápicos nos Estados Unidos. A terapia desenvolvida na instituição é rotina para jogadores profissionais de beisebol, basquete, futebol americano e futebol tradicional no país. A agência americana que regulamenta fármacos (FDA) também aprovou uma versão similar caseira do aparelho, que é usada por pessoas que sentem dores musculares.
Os aparelhos são colocados em contato com a pele, e a luz é emitida em um comprimento de onda projetado para chegar até o músculo. “Quando se irradia o músculo esquelético antes do exercício, o indivíduo tem a atividade de ATP aumentada no músculo e tem uma performance melhor durante a atividade”, ensina Leal Junior. O tratamento não causa nenhum desconforto para o usuário e até hoje mostrou ser livre de efeitos colaterais.
A manta de LED pode emitir luz em dois diferentes comprimentos de onda: vermelho e infravermelho. Com graus diferentes de penetração na pele, os dois tipos de luz podem ser usados em conjunto para um tratamento mais completo. O número de diodos aplicados sobre a manta varia de acordo com a área do corpo em que a terapia é aplicada.
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O conceito foi testado em testes clínicos, nos quais os voluntários foram divididos em dois grupos. Ambos foram submetidos a exercícios de musculação durante três meses, mas somente metade deles recebeu a fototerapia após as sessões de treino. O restante recebeu uma manta que apenas simulava o tratamento (placebo). Além do treinamento de força, os participantes passaram por uma detalhada análise genética, que avaliou a mudança no padrão de expressão gênica de cada um. Eles foram submetidos ainda a uma biópsia muscular da coxa antes e depois do período de treinamento.
Os voluntários que receberam o tratamento de LED mostraram resultados animadores. O uso da luz aumentou o potencial de ganho de força e a resistência muscular proporcionados pela atividade física, além de diminuir a inflamação e acelerar a regeneração do tecido após o treino. A análise mostrou que a manta aumentou a expressão de genes relacionados à hipertrofia muscular e reduziu a dos que inibem o ganho de massa. Neste grupo, a força medida no músculo aumentou cerca de 55%, contra apenas 27% no outro grupo. Os dados foram publicados na revista Lasers in Medical Science.
Os resultados confirmam estudos anteriores feitos pelos mesmos pesquisadores. Em um deles, 45 mulheres foram submetidas a um treino de resistência aeróbica em bicicleta ergométrica durante três meses. Parte delas, que recebeu o tratamento com a fototerapia pós-treino no músculo da perna, teve aumentada a tolerância ao esforço físico. Num outro trabalho, com 16 jogadores de futebol profissionais, a performance dos voluntários que receberam a terapia luminosa foi quase três vezes maior que a dos outros atletas.
Mais energia
De acordo com os pesquisadores, a prática de atividade física estimula a liberação de radicais livres de oxigênio, causando o chamado estresse oxidativo. Os estudos práticos indicam que o uso da luz LED após o treino favorece a entrada de determinadas enzimas nas células musculares que ajudam a neutralizar esse processo. A produção de energia estimulada pelos diodos também afeta as células satélites, que reparam as microlesões formadas no músculo durante uma sessão de exercício. O processo estimula o ganho de massa muscular, produzida cada vez que o tecido é afetado por um grande esforço.
O fenômeno ainda reduz a inflamação, a fadiga e acelera a regeneração muscular. “A fototerapia de baixa intensidade pode ser útil tanto no esporte quanto na reabilitação e na recuperação funcional de pacientes em várias circunstâncias”, ressaltou em um comunicado Nivaldo Antonio Parizotto, professor da UFSCar e orientador do trabalho que deu origem à ideia.
O grupo investiga também a eficácia de uma manta de lasers no tratamento contra a obesidade. O ensaio clínico submeteu 64 mulheres a uma hora de treinamento que combinou exercícios aeróbicos e de força, três vezes por semana. O grupo que recebeu a fototerapia após a prática perdeu 48% mais massa corporal que o outro. Além disso, as voluntárias tiveram uma melhora acentuada no perfil lipídico, relacionado à redução de colesterol e triglicérides no organismo.
De acordo com os pesquisadores, a fototerapia era usada até então quase que exclusivamente como método para ajudar no reparo de lesões. “Aí reside a nossa grande novidade. Queremos usar a técnica não como terapêutica, mas de condicionamento físico. Nesse tipo de aplicação, acho que somos pioneiros”, diz Vanderlei Salvador Bagnato, professor da USP e um dos colaboradores do projeto. A instituição participa da pesquisa com LEDs desde o início dos estudos teóricos e coordenou testes em animais antes dos primeiros experimentos com humanos, além de desenvolver o equipamento usado nos trabalhos práticos.
Técnica faz sucesso nos EUA
O uso da fototerapia antes da atividade física é uma prática comum na prevenção contra lesões musculares no Brasil e no exterior. Além de garantir uma performance melhor durante o exercício, a energia produzida pelo corpo também ativa um sistema que protege o organismo. “Estudos demonstram que, quando se produz ATP (trifosfato de adenosina) em níveis ideais, você aumenta também a produção de espécies reativas de oxigênio, o que tem um efeito citoprotetor, ou seja, que protege as células contra o dano”, explica Ernesto Cesar Pinto Leal Junior, pesquisador do Programa de Ciências de Reabilitação da Universidade Nove de Julho (Uninove).
O grupo da Uninove estuda os efeitos benéficos da luz sobre o organismo desde 2008 e, hoje, colabora com empresas internacionais que já vendem equipamentos fototerápicos nos Estados Unidos. A terapia desenvolvida na instituição é rotina para jogadores profissionais de beisebol, basquete, futebol americano e futebol tradicional no país. A agência americana que regulamenta fármacos (FDA) também aprovou uma versão similar caseira do aparelho, que é usada por pessoas que sentem dores musculares.
Os aparelhos são colocados em contato com a pele, e a luz é emitida em um comprimento de onda projetado para chegar até o músculo. “Quando se irradia o músculo esquelético antes do exercício, o indivíduo tem a atividade de ATP aumentada no músculo e tem uma performance melhor durante a atividade”, ensina Leal Junior. O tratamento não causa nenhum desconforto para o usuário e até hoje mostrou ser livre de efeitos colaterais.