Quais as semelhanças e diferenças na espiritualidade dos animais e dos humanos?
A Bíblia afirma que tanto homens quanto animais têm o sopro da vida (Eclesiastes 3:19-20). O sopro da vida representa a alma. Dizer que os animais não têm alma ou então têm uma alma inferior à nossa é uma crença que vem do ego, de quem acredita que somos uma espécie superior e separada de todo o resto. Não há diferença na alma de um animal e de um humano. Para mim, todos somos um, e os animais são seres mais evoluídos que os humanos, pois sabem amar incondicionalmente e morrem por nós, somatizando as nossas doenças. Os humanos têm um desenvolvimento cognitivo superior aos animais, mas estão a evoluir na aprendizagem do amor incondicional.
Como os animais podem nos curar?
A anatomia energética humana está intrinsecamente ligada aos animais, pois eles também têm um campo energético à volta do corpo físico, que, em comparação com o dos humanos, é proporcionalmente mais amplo. Os animais são seres hipersensíveis a vibrações sutis e a modificações atmosféricas, como é observável nos períodos que antecedem as tempestades, mostrando-se muito agitados. Se você tem animais, possivelmente, já teve essa experiência: quando está doente ou com alguma dor, o seu cão fica por perto e o seu gato coloca-se precisamente em cima da zona que lhe dói. É o contato do campo energético do animal com o campo energético do dono que permite a absorção das energias humanas pelo animal. Além disso, há uma elevada porcentagem de casos em que os donos e seus animais têm o mesmo diagnóstico médico.
Por que acredita que os animais são um espelho de nós mesmos?
Os animais refletem a pessoa com que estão comprometidos em ajudar. Enquanto as pessoas não entenderem isso, os animais continuarão a ser julgados de forma injusta.
A senhora lembra qual foi a primeira vez que se comunicou com animais?
Em 2010, tive um chamado interior para viajar sozinha para a Índia. Quando regressei, voltei à clínica onde trabalhava e aconteceu algo inesquecível. Uma cliente apareceu queixando-se que o seu animal andava muito apático e que ninguém descobria o que se passava. Virei-me para a senhora e disse: “Mas como quer que o seu cão esteja bem se o seu marido está com depressão?” A senhora perguntou quem me tinha contado. “O seu cão… Agora mesmo”, respondi-lhe. Pedi à senhora para não contar o que tinha acontecido a ninguém, pois o meu lado racional não compreendia, mas ela até me incentivou a desenvolver aquilo que ela considerou um “fenômeno maravilhoso”. Quase um ano mais tarde deixei a clínica médica convencional e criei os meus projetos, em 2011.
Enfrentou preconceito?
Como sou até agora a única pessoa que se comunica com animais em Portugal, há sempre o estigma de quem desbrava um caminho novo. Esse preconceito fica mais potencializado porque sou médica e cirurgiã veterinária de formação, e a ciência ainda não se compatibilizou com a espiritualidade. Felizmente, existem centenas de comunicadores no mundo, e comunicação interespécies é considerada profissão nos EUA desde 1970, graças à pioneira mundial, Penelope Smith.
Como as pessoas podem melhorar a comunicação com os animais?
Primeiro, devemos ter um respeito profundo pelos nossos animais. Todos nós nascemos com o poder de nos comunicarmos com outras espécies, mas essa capacidade está adormecida na maioria das pessoas, pois só dão primazia ao lado racional. É preciso aprender a ligar-se ao coração do outro, a validar sua intuição, a seguir os conselhos do coração para que tudo comece a fluir mais facilmente.