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Os energéticos são bebidas não alcoólicas que contêm cafeína, guaraná, taurina e ginseng, entre outros ingredientes. Normalmente, são ingeridos por quem deseja aumentar o desempenho físico e mental antes de uma festa ou de uma maratona de estudo, por exemplo. Mas há um grupo de consumidores mais frágil: as crianças. Elas, alerta João Breda, o autor sênior do estudo, não estão preparadas para metabolizar a quantidade de substâncias contidas nesse produto.
A cafeína é, segundo Breda, o maior perigo. Ao contrário do café, os energéticos não são consumidos quentes. Logo, a ingestão é mais rápida e em maior quantidade, o que aumenta os riscos de intoxicação. Na Europa, um estudo da Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (EFSA) constatou que as bebidas energéticas eram responsáveis por 43% do consumo de cafeína entre as crianças. Para adolescentes e adultos, as quantidades correspondiam a 13% e 8%, respectivamente.
“O potencial de toxicidade aguda causada pela cafeína pode ser maior nas bebidas energéticas do que em outras fontes alimentares”, constatou Breda, acrescentando que a potencialidade é incrementada pelo “marketing agressivo direcionado aos consumidores jovens e inexperientes”. De acordo com dados da EFSA, as crianças integram uma parcela expressiva dos consumidores — pelo menos 18% das que têm menos de 10 anos ingerem esse tipo de bebida. O número é mais expressivo entre adolescentes (68%), seguidos dos adultos (30%).
A pesquisa mostrou ainda que os adolescentes — pelo menos 70% deles misturam os energéticos com álcool — se tornam mais propensos a se envolver em comportamentos de risco, como direção irresponsável e abuso de substâncias, ao ingerir energéticos. “Raramente, as vendas são reguladas por idade, como acontece com o álcool e o tabaco. Há um efeito negativo comprovado nas crianças, o que nos indica que existe potencial para um problema significativo de saúde pública no futuro”, conclui Breda, ressaltando que as reformulações na regulação do comércio de energéticos são uma medida urgente.