Os bebês da casa: é preciso equilibrar os afetos para afastar a reação ciumenta do pet em relação ao filho

Antes da visita da cegonha, o animal normalmente é o mimo da casa, a figura que recebe carinho e cuidado. O que os pets sentem quando têm que dividir essa atenção? E os donos, como equilibram os afetos?

por Revista do CB 11/10/2014 10:00

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A chegada de um bebê em casa muda completamente a rotina da família. Todos precisam se adaptar à novidade, inclusive os bichinhos. Antes da visita da cegonha, o animal normalmente é o mimo da casa, a figura que recebe carinho e cuidado. O que os pets sentem quando têm que dividir essa atenção? E os donos, como equilibram os afetos?

A estudante Valéria Sousa, 20 anos, diz que chegou a um bom arranjo, embora a filha, Ana Luísa, 10 meses, exija muito mais tempo do que a cadela Black. A schnauzer de 2 anos e a dona sempre foram muito ligadas. Inclusive, a mascote costumava dormir com Valéria e sempre chorava quando ela saía de casa.

Marcelo Ferreira/CB/D.A Press
Valéria com a filha Ana Luísa e Black: a bebê e a cadela se dão superbem (foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
Quando Ana Luísa nasceu, a rotina mudou e Valéria teve que se dedicar à maternidade. Curiosamente, Black não reagiu mal. A dona acredita que a explicação é justamente a cumplicidade entre elas. “Acho que a Black sentiu quando eu estava grávida. Ela nunca gostou de crianças, mas, pela Ana Luísa, tem muito carinho”, conta. O fato de ter muita gente em casa para dar atenção à Black ajuda. Valéria mora com a mãe, a irmã, a tia e as duas avós.

Apesar de pequenina, Ana Luísa já expressa afeição pela cadela, pois sempre pede para ficar no chão e interagir com ela. Valéria busca dividir a atenção da filha com o pet fazendo atividades que ambos possam participar, como sair para passear, correr e brincar no jardim.

Já a advogada Denise Schipmann, 34 anos, teve uma experiência diferente. Quando ficou grávida da primogênita, Gabriela, que hoje tem 6 anos, ela tinha um cachorro, que ficou muito arisco quando percebeu a gravidez. Com medo, a mãe de Denise doou o animal antes de a criança nascer.

Na gestação da segunda filha, Alice, 2 anos, a advogada era dona da shih-tzu Nina. “Eu percebi que a Nina mudou quando fiquei grávida, ela percebeu que ia chegar uma pessoa nova em casa”, recorda. A cadela, que sempre foi disciplinada para fazer as necessidades no lugar certo, começou a sujar a casa inteira. “Percebemos que ela fazia isso para chamar a atenção”, relata. Hoje, a relação de Nina com as crianças é ótima. Naturalmente, a cadela voltou a ser disciplinada e não dá mais trabalho.

Questão de adaptação
A veterinária Luciana Soares explica que muitas famílias se desfazem dos animais quando um bebê está a caminho. Os pets percebem a mudança de prioridade e ficam tristes. Luciana conta que os cachorros são mais carentes, se comparados aos gatos. Apesar de tudo, ela garante que dá para criar uma interação muito saudável entre animais e a nova família. “A principal recomendação é que as mudanças devem ser feitas desde o início da gravidez”, explica. “Se o espaço da casa ficar restrito, é preciso ensinar isso gradualmente ao animal, em vez de proibi-lo assim que a criança nascer”, ensina.

Segundo a veterinária, os cachorros escutam o batimento cardíaco dos bebês desde que eles estão na barriga, logo, a chegada do bebê não é uma surpresa. A família precisa saber dosar a atenção. Se a dona não tem mais tempo para o animal, outra pessoa da casa precisa ficar responsável.

A relação dos pequenos com animais pode ser muito positiva. A maioria deles gosta muito das mascotes e a veterinária Marília Cabral garante que a convivência traz benefícios para ambos. “É uma oportunidade para a criança crescer com um animalzinho. Por exemplo, ela aprende desde cedo a não pegar os brinquedos dos outros e esses ensinamentos servem para quando forem se relacionar com outras crianças”, explica.

Para uma convivência feliz, a saúde dos bichos precisa estar em dia. “Tanto gatos quanto cachorros precisam ir ao veterinário regularmente para não transmitirem nenhuma doença. Se eles estiverem saudáveis, a convivência com as crianças só traz vantagens”, garante Luciana Soares.