Antes abominada pelos nutricionistas, a comida processada começa a ganhar espaço entre os adeptos de hábitos saudáveis. Criada em Londres, no século XIX, com a intenção de alimentar soldados, elas rapidamente ganharam a Europa e os Estados Unidos. Mas, no Brasil, sempre foram vistas como uma opção perigosa para a saúde. Recentemente, no entanto, essa realidade começou a mudar. A Associação Brasileira de Embalagem de Aço (Abeaço) divulgou uma lista com dez itens esclarecendo verdades e mitos sobre os enlatados. Dentre as novidades, está a que o milho enlatado tem menos calorias que o cozido, a feijoada é 30% mais leve e alimentos enlatados não contêm conservantes. Mas será que é isso mesmo? O em.com.br consultou uma nutricionista para saber o que é verdade e o que é mentira na lista.
“Claro que o alimento in natura, na maioria das vezes, será a melhor opção”, afirma a nutricionista funcional Viviane Admus Nunes Paixão, integrante do Conselho Regional de Nutrição de Minas Gerais. Ela explica, no entanto, que com a evolução da ciência é realmente possível incluir alimentos industrializados nos planos alimentares.
1. Alimentos enlatados são opções saudáveis
Depende. É claro que, como regra geral, podemos afirmar que alimentos frescos são bem mais saudáveis que os enlatados. Mas, recentemente foi desenvolvida a lata de aço, que dispensa o uso de conservantes nos alimentos, deixando-os, portanto, mais saudáveis. Até então, os fabricantes usavam inúmeros aditivos químicos para dar um aspecto mais atraente, além de maior durabilidade praticidade. Os mais comuns eram os aromatizantes, corantes, antioxidantes, estabilizantes, conservantes e acidulantes. Um dos exemplos são os nitritos e/ou nitratos (substâncias usadas para conservação de alimentos), que são transformados em nitrosaminas em nosso estômago, uma composição altamente cancerígena, principalmente se consumida de forma contínua.
Dica: Marcas mais consolidadas no mercado costumam respeitar as normas de fabricação, armazenamento e quantidade segura de inserção de conservantes. Para saber se o enlatado é de boa qualidade, devemos ficar atentos aos rótulos.
2. Estudo realizado pela Unicamp comprova que embalagem de aço é a melhor opção para o envase de azeite
Mito. A embalagem que oferece melhor proteção a esses quatro fatores é a garrafa de vidro escuro, seguida da lata de aço. A vantagem do vidro escuro sobre a lata é devido ao fato de o vidro ser um isolante térmico melhor que o metal, além de mais eficiente na proteção contra a luz, o oxigênio e a umidade. Após aberta para o uso, a lata também apresenta maior risco de sofrer a ação do oxigênio e da umidade, já que nem todas as embalagens apresentam sistema adequado de fechamento.
Verdade. Com a evolução da tecnologia para embalagens, a lata de aço se tornou mais resistente, prática e segura. Entre milhares de novos atributos desenvolvidos, dois merecem ser citados: o sistema de abertura e fechamento, facilitando o envase e armazenamento de alimentos após a abertura, e a criação da película interna flexível, que acompanha a deformação da embalagem e protege o conteúdo mesmo em caso de amassamento. Mas vale ressaltar que isso só vale para os tipos de embalagens de lata de aço.
4. Lata amassada compromete a qualidade dos alimentos
Mentira. Como dito acima, novas tecnologias permitiram que a deformação da embalagem não interfira no armazenamento do conteúdo. Latas perfuradas ou estufadas, no entanto, não devem ser consumidas, já que indicam reações químicas inadequadas para o consumo.
5. Latas enferrujadas podem causar tétano
Depende. A ferrugem faz parte do processo natural de degradação do aço, que, sozinho, não faz mal à saúde e, sim, contribui para um meio ambiente saudável. Já o tétano é uma doença causada por um micro-organismo, o Clostridium Tetani, que pode estar em muitas superfícies, principalmente o solo. Ou seja, qualquer material, desde que esteja contaminado, pode causar o tétano.
6. Alimentos enlatados não causam botulismo
Depende. A contaminação da doença se dá em qualquer alimento infectado pela bactéria Clostridium Botulinum, seja ele fresco ou enlatado. Assim, qualquer material - contanto que esteja infectado pela bactéria - pode causar o botulismo.
7. Tomate em lata tem mais licopeno que o tomate in natura
Verdade em partes. Na verdade, o licopeno - uma substância antioxidante que pode diminuir a probabilidade do indivíduo ter câncer de próstata e pulmão -, aumenta a sua biodisponibilidade após o cozimento. Biodisponibilidade é o processo que representa a medida quantitativa da utilização de um nutriente, influenciando sua absorção e distribuição para os tecidos do nosso organismo. Assim, para o tomate liberar essa substância não é necessário que ele seja enlatado. Podemos comprar o tomate fresco, fazer o molho caseiro, por exemplo, e obter o mesmo benefício.
8. Milho enlatado é 40% menos calórico que o cozido em casa
Verdade em partes. Ele pode até ser menos calórico, mas é mais rico em sódio, que faz muito mal à saúde. Os alimentos em conserva merecem mais atenção na hora do consumo exatamente por isso. Para os hipertensos, a escolha destes produtos não é indicada. A melhor opção são os enlatados a vapor.
9. Alimentos enlatados são mais econômicos
Verdade. Os alimentos enlatados oferecem melhor custo-benefício, permanecem preservados por mais tempo, evitando desperdícios. Além disso, não é preciso gastar energia para conservá-los, pois eles não precisam de refrigeração.
10. Feijoada enlatada é 30% mais leve que a feijoada tradicional
Verdade. Mais tradicional prato brasileiro, a feijoada, além de muito saborosa, é normalmente sinônimo de calorias e gordura. Para apreciadores da iguaria preocupados com a saúde, eis uma ótima notícia: a feijoada enlatada tem quase 30% menos calorias que a preparada em casa. Enquanto 100 gramas da feijoada caseira possui 152 calorias, a mesma medida da enlatada tem apenas 108. E os benefícios não param por aí. A quantidade da vilã gordura saturada é 58% menor na lata (cerca de 2,5g/100g de feijoada na versão enlatada, contra 6g na versão caseira). Os índices de colesterol também são mais baixos, sendo 17mg/100g na versão enlatada e 30mg/100g na versão tradicional, uma redução de 43%. Isso acontece porque os ingredientes são colocados crus na lata e o processo de cozimento acontece como em uma panela de pressão. Assim, nutrientes e vitaminas são preservados e não há adição de óleo..