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A plataforma permite, em um único procedimento cirúrgico, recolher, filtrar, separar, concentrar e transferir a parte do tecido gorduroso, com alta concentração de células-tronco, a chamada porção estromovascular. Na prática, a GID – como é chamada a plataforma –, é formada por dois kits, que vistos de perto lembram um plástico tupperware. “Utilizando alta tecnologia, o engenheiro espacial Willian Cimino, inventor do kit, chegou à simplificação máxima”, informa Sérgio Vieira, cirurgião crânio-facial e responsável por trazer o novo modelo para o Brasil.
O médico que acompanhou os estudos iniciados na década de 90, na Universidade de Pittsburgh, explica que no primeiro kit é aspirada a gordura do paciente que dará origem à porção estromovascular, com concentração de células-tronco. No segundo kit, a gordura do paciente é levada para eliminar da porção, por exemplo, vestígios de sangue que podem causar danos ao paciente, como a formação de edema. Em um procedimento rápido (aproximadamente uma hora de duração) e com manipulação mínima, o conteúdo do primeiro kit é adicionado ao segundo e reaplicado no paciente. “Temos dois procedimentos em apenas um. A gordura da lipoaspiração é reaplicada no organismo para inúmeros procedimentos, como reconstrução da mama ou remodelagem do silicone, rejuvenescimento de mãos e rosto. Pode tratar pé-diabético e também reconstruir áreas de queimaduras ou partes perdidas do corpo.”
A inovação da prática é separar uma porção com alta concentração de células-tronco e também de hormônios que, ao ser injetados no corpo humano, tornam possíveis procedimentos médicos de maior duração. “Em determinadas cirurgias, que enxertam a gordura humana, a durabilidade é de um ano já que o enxerto é reabsorvido pelo corpo. Temos relatos de casos feitos há oito anos com a utilização da metodologia GID na qual a intervenção cirúrgica continua perfeita”, aponta Vieira. Segundo ele, a injeção da porção de gordura com células-tronco no corpo humano possibilita a liberação do tecido e permite o deslizamento da pele, melhorando a elasticidade e permitindo moldar partes do corpo como ocorre na reconstrução da mama feminina. A injeção da gordura “aditivada” com células-tronco melhora a circulação, formando novos vasos sanguíneos. Por isso, a tecnologia é promissora também para os pacientes diabéticos.
BEM-SUCEDIDOS
Da Nicarágua, o médico Arturo Gomez Castillo veio ao Brasil relatar suas experiências na 19ª Jornada Mineira de Cirurgia Plástica, que terminou sábado, em Belo Horizonte. Em seu país, o cirurgião, que é professor da Universidade Nacional da Nicáragua, já operou 96 pacientes utilizando a plataforma, todos eles no Hospital Vivian Pellas. Entre os pacientes, constam casos de reconstituição pós-câncer, por queimaduras graves, pé-diabético, lesões vasculares periféricas e também nas articulações do joelho.
Em entrevista ao Estado de Minas, o especialista relatou que a nova tecnologia substituiu os tratamentos com medicamentos, curativos e até a amputação de pacientes diabéticos. “Os tratamentos utilizados anteriormente, em até 80% dos casos, não tinham resultados positivos. Com o enxerto de células-tronco conseguimos sucesso de até 90%”, relatou. Segundo o especialista, a técnica também foi usada para tratar joelhos em casos de ostoartrites em primeiro, segundo e terceiro graus. Outro caso que chamou atenção foi a recuperação dos movimentos em paciente submetida à queimadura, que destruiu a capacidade de mover as articulações. “A gordura tem uma concentração de células-tronco mil vezes maior do que na médula óssea”, explica Castillo. De acordo com a literatura médica, a gordura humana tem 30% de células-tronco em sua composição.
Sérgio Vieira aponta que o uso das células-tronco nos tratamementos é justificado por sua capacidade de acelerar a cicatrização, reduzir os efeitos colaterais da inflamação (dor, calor, vermelhidão, edema), e formar vasos sanguíneos. As células-tronco também são capazes de se transformar em outros tecidos, como pele, tendões, ossos, sangue, músculos, vasos sanguíneos e gordura. “A gordura tem centenas de vezes mais células-tronco do que a medula óssea e o cordão umbilical, sendo de mais fácil obtenção”, reforça. O médico acredita que em poucos anos será possível tratar e curar várias doenças com o uso dessas células.
Os kits foram desenvolvidos com plástico especial para área médica, revestidos com teflon usado na formação de pontas de foguetes e espaconaves. As plataformas são descartáveis com uso único por paciente.
Parceiro na plataforma
Em Belo Horizonte, o Hospital Vila da Serra é parceiro da tecnologia GID. No hospital, será instalado o primeiro centro do país, com utilização da plataforma em procedimentos médicos para extração e processamento de tecido adiposo e sua aplicação em cirurgias plásticas estéticas, de rejuvenescimento, de recontorno e reconstrução corporais. Segundo a GID Brasil, também foi celebrado acordo com a Fundação Ezequiel Dias (Funed), instituto de pesquisa ligado à Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais, para realização de pesquisas básicas.