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"Nossa investigação sugere que houve um pequeno momento na época do Congo belga que permitiu a esta cepa do HIV em particular emergir e se propagar", diz o professor Oliver Pybus, do departamento de Zoologia de Oxford e um dos principais autores do estudo. "As informações dos arquivos coloniais indicam que no final dos anos 40 mais de um milhão de pessoas passaram anualmente por Kinshasa via ferrovia", destaca Nuno Faria, da Universidade de Oxford, também responsável pela pesquisa.
"Os dados genéticos nos dizem também que o HIV se propagou muito rapidamente através do Congo, de uma superfície equivalente à Europa Ocidental, deslocando-se com as pessoas pelas ferrovias e hidrovias". Assim, o HIV chegou a Mbuji-Mayi e Lubumbashi, no extremo sul do país, e a Kisangani, no norte, entre o final dos anos 30 e início dos anos 50.
Estas migrações permitiram ao vírus estabelecer os primeiros focos secundários de infecção em regiões que dispunham de boa rede de comunicação com países do sul e do leste da África, afirmam os pesquisadores.
"Acreditamos que mudanças na sociedade se deram no momento da independência do Congo, em 1960, e, provavelmente, o vírus pôde escapar em pequenos grupos de pessoas seropositivas para infectar populações mais amplas, antes de se propagar pelo mundo" no final dos anos 70, revela Faria. O HIV foi identificado pela primeira vez em 1981.
Além do desenvolvimento dos transportes, algumas mudanças sociais, especialmente envolvendo os profissionais do sexo, que tinham um grande número de clientes, e um maior acesso a seringas, compartilhadas por usuários de drogas, fizeram expandir a epidemia.