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Transmitido pelo mesmo mosquito da dengue, Chikungunya assusta o país em 2014
“É possível (falar em epidemia), mas a gente ainda não consegue ter a dimensão do número de casos, nem a velocidade de propagação da doença”, afirmou Arthur Chioro. “Quando não há registro de casos e aparece alguns, você caracteriza como epidemia, no primeiro momento”, enfatiza. Desde 2010, quando o Brasil registrou três casos importados da doença, o Ministério da Saúde passou a acompanhar e monitorar a situação do vírus.
Apesar de a pasta ter um plano de contingência estabelecido desde 2012, o ministro explica que apenas a partir do segundo ano da presença do vírus no país é possível analisar a situação com mais clareza. “É quando a gente começar a estabelecer um coeficiente de incidência da doença. Aí nós vamos poder ver a magnitude e o comportamento que ela vai assumir no nosso país”, detalha Chioro.
Em 2014, 37 casos da doença foram registrados no Brasil em pessoas que vieram do exterior, especialmente soldados em missão no Haiti. Outros dois foram registrados em Oiapoque, no Amapá, na divisa com a Guiana Francesa, e 14 em Feira de Santana, na Bahia. O ministro informou que equipes do ministério foram enviadas aos municípios para auxiliar no bloqueio do vírus e controle da doença. Além disso, o trabalho junto às secretarias municipais e estaduais de saúde será intensificado, principalmente a partir de dezembro. “Pelas características epidemiológicas, vamos ter que trabalhar com a presença de mais uma doença viral. A chikungunya não tem a mesma dramaticidade, letalidade e gravidade da dengue, mas isso reforça a necessidade da sociedade não esperar o próximo verão para iniciar as ações de controle de vetores”, disse.
Controle
Além do Aedes aegypti, o Aedes albopictus é um vetor importante na transmissão do vírus Alphavirus — são os dois Aedes que circulam no Brasil. Para o médico sanitarista colaborador na Universidade de Brasília (UnB) e integrante da Sociedade Brasileira de Infectologia Pedro Tauil, é quase certo que o vírus passe se espalhar pelo país. “É questão de tempo”, diz. O combate à doença é feito da mesma forma que o combate à dengue: controlando a proliferação dos mosquitos. “O único elo vulnerável da cadeia de transmissão é o vetor. Não existe vacina nem tratamento contra o vírus, apenas contra os sintomas”, disse Tauil.
A doença provoca dores fortes nas articulações e pode se prolongar por semanas, além de febre, mal-estar e dor de cabeça. O tratamento consiste no alívio dos sintomas, que costumam durar de três a 10 dias.
Quantidade de casos de contágio interno confirmados no Brasil: 16
Sintomas
» Febre abrupta
» Dor de cabeça
» Manchas avermelhadas no corpo
» Dor intensa nas articulações, principalmente, nas menores, com as das mãos e dos pés
Origem
No idioma africano makonde, o nome chikungunya significa “aqueles que se dobram”, em referência à postura que os pacientes adotam diante das fortes dores articulares.
Subtipos
Diferentemente da dengue, que tem quatro subtipos, o chikungunya só tem um. Ao ser infectada e se recuperar, a pessoa se torna imune. O fato de alguém já ter sido infectado com algum dos subtipos da dengue não o torna mais ou menos vulnerável à chikungunya.
Letalidade
A febre chikungunya é menos mortal que a dengue. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), complicações mais sérias são raras. O risco é maior para idosos que já tenham outros problemas de saúde
Transmissão
O vírus é transmitido pelos mosquitos Aedes aegypti e Aedes albopictus. A infecção segue os mesmos padrões sazonais da dengue. Épocas de calor e chuva são mais propícias a proliferação dos insetos.