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O relatório diz que “o controle da diabete e da hipertensão arterial, assim como medidas que promovam o fim do tabagismo e a redução do risco cardiovascular, têm potencial para reduzir o risco de demência”. Coordenadora do ambulatório de demência moderada e avançada do serviço de geriatria do Hospital das Clínicas, Lilian Schafirovits Morillo explica que existem duas frentes de conexão entre diabete e Alzheimer. “A frente direta é que existem receptores de glicose e insulina em áreas do cérebro responsáveis pela memória. O excesso de glicose e de insulina, decorrente da diabete, pode danificar essas regiões do cérebro”, afirma. “De forma indireta, podemos dizer que a diabete, a hipertensão, a obesidade, o sedentarismo e o cigarro afetam as artérias do cérebro, o que piora um quadro de neurodegeneração.”
Apesar da importância do controle desses fatores de risco, números apresentados no relatório mostram que a maioria da população não conhece a relação entre o Alzheimer e essas doenças. Apenas um quarto (25%) das pessoas associam a obesidade a um risco aumentado de demência. A relação entre atividade física e a redução do desenvolvimento do Alzheimer só é reconhecida por 23% das pessoas.
O controle de diabete, hipertensão e outros fatores de risco é apontado pelo relatório e por especialistas como estratégia bem-sucedida dos países ricos na prevenção do Alzheimer. Segundo o documento, há evidências de que a incidência de demência parece estar caindo nos países mais desenvolvidos, enquanto sobe nos países de média e baixa renda, como o Brasil.
Para o conselheiro da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia Rubens de Fraga Júnior, isso acontece porque os países menos desenvolvidos não têm estrutura eficaz no controle das doenças crônicas que atuam como fatores de risco para o Alzheimer. “Essa relação entre os dois problemas deve nortear as políticas públicas. Assim como os países ricos já fazem, temos de focar a prevenção do Alzheimer no controle dos fatores de risco evitáveis.”