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Serra Leoa é um dos três países, ao lado de Libéria e Guiné, mais afetados pela epidemia, que provocou mais de 2.600 mortes em 2014. Os seis milhões de habitantes do país terão que permanecer, a partir de meia-noite (21h00 de Brasília), em casa, enquanto 30.000 voluntários comparecerão às residências para detectar possíveis cadáveres ou pessoas infectadas pelo vírus. "Chova ou faça sol, o exercício de confinamento vai acontecer. Durante três dias, temos que terminar o trabalho", disse Steven Gaojia, diretor do centro de operações de emergência do governo.
A campanha, que tem o nome "Ose to Ose Ebola Tok" ("Conversa sobre o Ebola casa por casa", na língua krio), contará com 7.000 equipes, que pretendem visitar 1,5 milhão de casas. Os voluntários distribuirão sabão e explicarão as medidas de prevenção aos moradores. Também pretendem estimular os vizinhos a criar grupos de "vigilância".
O governo afirma que as equipes não entrarão diretamente nas casas, mas chamarão os serviços de emergência caso sejam encontrados corpos ou pessoas infectadas. Também foram instaladas leitos adicionais em escolas e hospitais de todo o país.
O ministério da Saúde colocou 14 equipes médicas de prontidão para realizar exames com possíveis vítimas do vírus. A polícia e o exército devem garantir o cumprimento do confinamento, que tem exceções: os trabalhadores do setor de saúde e a imprensa.
A campanha será lançada oficialmente pelo presidente Ernest Koroma em um discurso na televisão, que depois será repetido pelos líderes tribais em todo o país.
Medidas polêmicas
Para muitos especialistas, no entanto, as medidas coercitivas são difíceis de aplicar e poderiam ter consequências negativas. "O país não tem capacidade para visitar cada casa em apenas três dias", disse Jean-Hervé Bradol, ex-diretor da organização Médicos Sem Fronteiras (MSF) e que trabalhou muitos anos na África. "A campanha pode levar muitas pessoas a ocultar possíveis pessoas infectadas e o vírus se espalharia ainda mais", disse, além de criar desconfiança entre a população e os funcionários do setor de saúde.
Os líderes comunitários e a população da capital Freetown apoiam a medida. "Vamos rezar para que a operação dê certo. Apoiamos o governo", disse Samuel Johnson, de 60 anos, que perdeu uma filha para a doença.
O Conselho de Segurança da ONU se reunirá nesta quarta-feira em Nova York para buscar uma resposta global, que tem custo avaliado em um bilhão de dólares.
O presidente americano, Barack Obama, prometeu enviar 3.000 soldados ao oeste da África para conter a epidemia, que pode ter consequências econômicas "catastróficas", segundo o Banco Mundial.
A epidemia de Ebola na África ocidental, a mais grave desde que o vírus foi identificado em 1976, matou 2.630 pessoas até o momento, a maioria na Libéria (1.459), segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
O Ebola é um vírus transmitido por contato direto com o sangue, os fluidos corporais ou os tecidos de pessoas ou de animais infectados, e que tem uma taxa reduzida de sobrevivência.